Há um duplo olhar sobre as funções da escola: preparar para o mercado ou formar o cidadão. Lógico que a melhor das respostas é “fazer as duas coisas”, mas o que tem acontecido é não fazermos coisa nenhuma.
Formar para o mercado implica adequar os currículos às exigências deste e com a dinamicidade dos tempos globais, manter a flexibilidade curricular como regra, permitindo a composição de disciplinas de acordo com a opção do aluno, permanecendo uma base comum apenas para a leitura e compreensão de textos, pois sem leitura das diversas formas de expressão das ideias não há projeto que funcione. Além disso, o currículo deveria prever projetos para desenvolver competência em inovação, liderança, trabalho colaborativo, gestão financeira e logística, comportamentos resilientes e outras exigências que o mercado cobra de seus profissionais desde o primeiro momento.
Bom, como sabemos, a escola não faz isso. Os números das estatísticas mostram que mais de um terço de nossos alunos chegam ao ensino superior como analfabetos funcionais. Se não sabem ler direito, imagine o resto…
Por outro lado, caso a escola queira formar cidadãos, precisaria construir uma base curricular fortemente marcada pela leitura, compreensão e crítica de documentos sobre a realidade brasileira e sua inserção na América e no mundo. Disciplinas como a Economia, Antropologia, Sociologia, História e fundamentos jurídicos comporiam o núcleo duro dessa formação para a cidadania, com o objetivo de desenvolver competências de compreensão e intervenção crítica na nossa sociedade. Projetos de gestão de pessoas, terceiro setor, administração pública, completariam esse projeto, garantindo a formação para a cidadania ativa, crítica, consolidadora e transformadora da nossa realidade atual.
Bom, como sabemos, a escola não faz isso.
Lógico que permanece a pergunta incômoda: o que faz a escola?
Sim, há sempre a possibilidade de dizer que a escola não serve para formar para o mercado nem para a cidadania. Sua função é outra. Ótimo, sem problema. Mas qual é mesmo?