Sócrates nunca assumiu saber respostas sobre nada. “Sei que nada sei”, repetia. Mas isso fazia dele o sábio que foi. A consciência de não saber é o passo mais importante para algo mais verdadeiro acontecer. E ele dedicava seus dias a abordar novos passantes, sem se importar com as críticas e mesmo com as agressões dos incautos. Sua tarefa era ética. Fundamental. Sócrates acreditava que o mal no mundo era promovido pela ignorância. Quem não sabe, erra. O erro, para ele, poderia ser evitado. O mal não era um destino, mas uma negligência. Corrigir pela Educação era seu mote de vida.
“Prefiro ser ofendido a ofender”, dizia Sócrates. Parece cristão isso, mas é grego. Quem ofende, age por ignorância. Não sabe, tem medo de saber, prefere atacar o interlocutor, diminui-lo. É um bicho acuado. Sócrates entendia e buscava conversar. Quando não dava, afastava-se. Mas não respondia as ofensas. Não há mérito em se igualar na ignorância. Ali, tudo são sombras e as identidades se perdem. O caminho que o velho sábio escolheu foi outro, o de parteiro, o de ajudar a “dar a luz”.
Divido a lição do mestre de Atenas com todos os que agridem as palavras. Aos que xingam. Aos que ameaçam um texto e seu autor. Aos que acreditam poder calar com a violência. Não há mal em ser ofendido. “O mal é o que sai da boca do homem”. Sim, essa é uma frase cristã. A ética não tem fronteira mesmo!