Todo fim de ano estabelecemos metas: emagrecer, parar de fumar, arrumar um parceiro ou parceira ( ou nos livrar deles!), aprender uma língua, realizar aquela viagem, consertar a porta que range, o cano que pinga, o carro, a bicicleta. Enfim, metas.
Sou professor de Ensino Médio e meus alunos querem aprender, viver, relaxar, viajar, curtir e…entrar na Universidade. Para todas as outras coisas, a juventude deles basta. Para entrar na Universidade, precisam ter claro essa meta. E, para isso, certos requisitos são fundamentais: hábito, organização, foco, paciência, resiliência. Coisa de gente grande que é no que o jovem se torna sem necessariamente fuzilar a juventude.
Sabemos que educar é para a vida. A questão é que atingir metas também tem a ver ( e muito!) com a vida. Por isso é preciso metas para a Educação. Sem reduzir a Educação a metas.
Gramsci, o pensador da esquerda arejada, pensava uma formação omnilateral. Fato que Marx já dizia isso antes de Gramsci, mas aprendi com o italiano, lendo-o e imaginando um país cuja educação formal ensinasse a pensar e a agir, a boa práxis transformadora do mundo.
Pois bem, para isso também são necessárias metas.
Os liberais, por sua vez, querem uma educação meritocrática. Esforço traz resultado, resultados devem ser recompensados. Recompensa estimula os preguiçosos e aí tudo anda, transformando o mundo.
Certos ou errados, enfim, para realizar suas ambições, igualmente os liberais precisam de metas.
Por isso não sei por qual razão tantos educadores criticam a ideia de termos um currículo básico, um programa de resultados para tornar nossa educação mais comum, mais democrática.
Por que isso diminui a autonomia do professor? Por que isso fere as particularidades regionais, locais? Mas por que as metas precisariam ferir isso tudo? Pois em nossas vidas não buscamos fazer coisas e outras, sem que necessariamente uma interfira na outra?
Eu, por exemplo, vivo de dieta. Metas para não tornar o mundo mais apertado com a minha presença. E isso lá impede minha gastronomia? Nunca! Educa-me para os prazeres comedidos, o folguedo com discrição, a alegria com gargalhadas a menos. Mas o resultado é bom, melhor, mais equilibrado. Sem renúncias, mas sem excessos.
Pois nossa educação não mereceria essa dieta de liberdade e de compromisso? Pelos resultados que temos, difícil mesmo é piorar. Então por que não?
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