Nos dias de hoje , cada vez mais, pais desistem de ser pais. Não propriamente de ter filhos, mas de cria-los. Isso por uma razão simples: criar filhos dá um trabalho danado!
Pequenos, atrapalham os programas dos pais. Balada, esqueça. Viagens românticas, aventura, já era. Mesmo um jantar esticado, dependendo, não dá mais. Filhos pequenos exigem cuidados.
Crianças, os filhos vão para a escola e sofrem com a adaptação ao espaço público. Pais que trabalham e têm outros compromissos ( amigos, academia, viagens) ficam sem tempo para conversar com seus rebentos, ouvindo-os principalmente, e compensam com presentes, roupas da moda e , principalmente, jogos eletrônicos. Na linguagem omissa de muitos pais, a solidão vira depressão, a rebeldia, hiperatividade, o mau rendimento, déficit de atenção, a obesidade, coisa de hormônios. Justificam tudo partindo da premissa que é algo “da criança” e mandam para a terapia e autorizam os médicos a ministrar remédios.
Adolescentes dão mais trabalho ainda. Os filhos vão crescendo com as ausências que os pais lhes impõem e essas faltas tornam-se revolta ou relaxo, bebidas e drogas, violência e apatia. Mais uma vez, muitos pais entendem o comportamento “fora do padrão” ou “diferente do esperado” como culpa dos DNAs ou de alguém diferente deles ( televisão, amizades, escola ruim) e entregam o tratamento para outros alguéns. Psicólogos, terapeutas e ainda mais remédios são incluídos na rotina.
Filhos assim, normalmente, ficam adultos e vão embora. Pais assim envelhecem. E ficam se perguntando por que os filhos não os visitam. Acham injusto e egoísta, depois de tudo o que fizeram. Pois é, e é por isso mesmo. Por tudo o que fizeram…