O psicanalista Contardo Calligaris fala, com propriedade, da experiência contemporânea que é causar inveja aos outros. Isso, fundamentalmente, baliza nossas ações, nossos gestos e nossas opções. Agimos de forma a reproduzir a ideia que os outros têm de uma vida perfeita, “sonhamos ser o que os outros sonham e não apenas ter uma experiência que traga, para nós, alguma satisfação verdadeira.”
E os mercadores se aproveitam largamente disso. Nas propagandas de roupas ou de carros, por exemplo, não é nosso prazer estético ou esportivo ou de conforto ou de performance que é focado, mas o olhar dos outros nos vendo vestidos ou conduzindo o carrão. E, para muitos, é esse resultado que desejamos para nossa vida. Uma vida que deslumbre e que entonteça. E que seja comentada, é claro.
Daí alimentarmos um constante sentimento de busca e destaque que nos leva, muitas vezes, a dizer o que não pensamos, comprar o que não precisamos e nem mesmo gostamos ou, principalmente, agirmos como não acreditamos, expondo-nos a situações bizarras, humilhantes ou violentas. E por quê? Porque é o efeito “espetacular” dessas ações, o brilho de inveja e admiração dos outros, o nosso objetivo na vida. Queremos ser “curtidos” e , de preferência, gloria das glorias, compartilhados.
E como diria o genial poeta mineiro: Eta vida besta, meu Deus.
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