Prova de redação da UFPR: cinco propostas, cinco reflexões sobre a comunicação, as  mídias e a importância das palavras. Perguntas adultas para os jovens aspirantes ao curso superior: o quanto e como usamos as redes sociais? A imprensa é importante pelo tanto que reflete  criticamente o real ou pelo que deforma e esconde?  O cinema sobrevive sem propaganda ou vemos apenas o que o marketing nos manda ver? As relações sociais, os papeis sociais, a relevância social e o mais importante, as referencias sociais são agora determinadas pelas ferramentas de aprovação das redes sociais? Enfim, a compreensão do mundo que nos cerca e sua expressão por meio de palavras estaria com seus dias contados?

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Todas essas questões  fundamentais para a cidadania foram apresentadas  nas propostas de redação do vestibular da UFPR para  perplexos  14 mil jovens que competem por uma vaga de medicina, engenharia, direito, jornalismo, administração, etc, etc.

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E o que eles teriam a dizer sobre isso? Ler infográficos é algo que se pode aprender rapidamente. Mas ler criticamente é algo que não combina com “rapidamente”.  Ler charges nos jornais de domingo é entretenimento e até mesmo motivo de comentário. Mas refletir e expressar essa reflexão em um texto pertinente é um desafio que exige repertório, experiência e muito exercício, principalmente quando é o mestre Quino o autor da charge, o filósofo das tirinhas, o profundo observador do mundo contemporâneo, suas sintonias e diacronias.

Usar as redes na internet, todos ou quase todos os jovens candidatos usam. Mas refletir sobre o meio no qual passam horas de seu tempo, quanto tempo eles levam fazendo isso? Cinema, todos assistem. Mas saber se escolhem o filme por vontade própria ou por que há uma força  demiurga dos marqueteiros com suas estratégias de venda e de saturação nas nossas já minguadas e combalidas salas de cinema, isso, será que sabem? Ou acham ruim o que não foram preparados para achar bom?

E as ideias? As ideias que levam tempo para serem gestadas, e quando finalmente expressas, quando bem construídas,  tornam-se monumentos a serem admirados e usufruídos por multidões. Mas as palavras que  expressam ideias estão minguando. E sem palavras, sobreviverão as ideias?

Enquanto vestibulares como este da UFPR existirem, creio que sim. É um alento e um alivio. Nosso trabalho não é e não será em vão.