Apesar de acusações, Marçal e Nunes têm mesma estratégia contra Boulos

Trocas de acusações entre os candidatos à prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB-SP) e Ricardo Nunes (MDB-SP) refletem a estratégia de ambos os candidatos em atribuir ao outro a responsabilidade por uma eventual derrota da direita nas eleições, com o objetivo de mobilizar o eleitorado conservador contra a ascensão de Guilherme Boulos (PSOL-SP) na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Pablo Marçal divulgou, nesta quarta-feira (4), um vídeo de campanha do prefeito e candidato à releeição, Ricardo Nunes, em que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) afirma que Nunes seria o melhor candidato para evitar que Guilherme Boulos vença as eleições municipais. No vídeo, Tarcísio argumenta que Marçal seria a "porta de entrada" para Boulos, sugerindo que apenas o atual prefeito teria chances de vencer o líder do PSOL em um eventual segundo turno.

Ao divulgar o vídeo, Marçal criticou a postura do governador, sugerindo que ele teria abandonado sua tradicional neutralidade política. Na postagem, Marçal escreveu que Tarcísio havia "mostrado sua paixão" por uma coligação que ele descreveu como "a maior anti-liberdade da história". O candidato ainda ironizou o governador, pedindo que os eleitores deixassem um recado para Tarcísio em seu "último mandato como político".

O embate ocorreu após Marçal tentar uma possível "bandeira branca" com Tarcísio. Segundo o colunista Thiago Herdy, do Uol, o empresário teria sugerido ao governador que cessasse os ataques contra ele, em troca de retirar Tarcísio de seus discursos combativos. A proposta teria ocorrido durante uma reunião, na última quinta-feira (29), que gerou surpresa na equipe de campanha de Ricardo Nunes.

Em diferentes ocasiões, Marçal destacou que só entrou na disputa pela capital paulista após saber que Ricardo Salles (Novo - SP) estaria de fora do pleito, pelo fato de Tarcísio e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto, terem optado por Nunes. O candidato do PRTB declarou que decidiu se candidatar porque, no cenário sem Salles, São Paulo estaria sem um nome forte na direita e sem chances de vencer Boulos.