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A expansão de facções criminosas venezuelanas, como a maior delas, El Tren de Aragua, para o estado brasileiro de Roraima está preocupando lideranças da região. Em entrevista exclusiva à coluna Entrelinhas, o deputado Nicoletti (União-RR) denunciou a gravidade do cenário: "A situação da insegurança em Roraima é alarmante, especialmente na capital, Boa Vista. Facções criminosas da Venezuela, disfarçadas de imigrantes, têm se expandido no estado, chegando a dominar bairros inteiros da cidade". Ele também criticou o posicionamento das autoridades: "A ausência de ações concretas por parte dos governos federal e estadual tem comprometido diretamente a segurança da nossa população". Aproveitando o alto fluxo migratório provocado pelo regime de Nicolás Maduro, os criminosos venezuelanos têm se infiltrado no Brasil em conluio com facções brasileiras.
Para enfrentar o problema das facções venezuelanas em Roraima, Nicoletti ressaltou medidas como o PL 305/2020, que "endurece a legislação de imigração", e o PLP 139/2023, que "aumenta os repasses do Fundo de Participação dos Municípios para Boa Vista e do Fundo de Participação dos Estados para Roraima". O parlamentar destacou ainda o envio de mais de R$ 10 milhões em emendas orçamentárias para reforçar a segurança pública do estado, incluindo aquisição de viaturas e capacitação de agentes. Entretanto, ele enfatizou que, para conter o avanço da criminalidade, são necessárias "ações mais efetivas e urgentes do governo federal e estadual".
Nicoletti também apresentou Indicações Legislativas voltadas à ampliação da atuação da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no estado. Na visão do parlamentar, as forças de segurança precisam ser fortalecidas para reverter o crescente domínio das facções criminosas.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Roraima, revelou que a El Tren de Aragua já firmou alianças com facções brasileiras, como o Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) para o tráfico de drogas e armas. Fundada no presídio de Tocorón, na Venezuela, a facção é conhecida por crimes como extorsão e exploração sexual e foi classificada como “organização criminosa transnacional” nos Estados Unidos.
Com cerca de 180 mil venezuelanos vivendo em Roraima, representando 25% da população local, o fluxo migratório agrava o desafio local de segurança. O número de venezuelanos presos em Roraima aumentou cinco vezes desde 2018, muitos deles ligados à facção.
Por fim, Nicoletti relembrou o favorecimento por parte do governo Lula em relação à ditadura na Venezuela, destacando como o apoio político influencia a dinâmica da crise na região.