Ouça este conteúdo
O diretório estadual do PMB (Por Mais Brasil) em Curitiba enfrentou um conflito de interesses no fim de semana. Uma reunião da diretiva nacional do partido, realizada no sábado (3), no Rio de Janeiro, colocou em risco a autonomia do diretório municipal para propor a candidatura de Cristina Graeml (PMB-PR) à prefeitura de Curitiba. O assunto foi aproveitado por blogs locais para especular uma possível desistência da candidatura da jornalista, fazendo eco a interesses de concorrentes ao centro e à esquerda.
Procurado pela coluna Entrelinhas, Fabiano dos Santos, presidente estadual da Comissão Executiva do PMB no Paraná, afirmou que a ameaça de dissolução dos diretórios municipal e estadual do partido é uma tentativa da direção nacional de interferir de forma arbitrária no processo eleitoral. Questionado sobre a convenção municipal do PMB, ele garantiu que “a convenção (está) mantida”. Santos explicou ainda que, durante o evento agendado para esta segunda-feira (5), será oficializada a chapa completa para vereadores, bem como a candidatura pura do PMB para prefeita e vice-prefeito, encabeçada por Cristina Graeml.
A dissolução dos diretórios teria sido sugerida com base na tentativa de aliança do PMB com o PSB, partido de Luciano Ducci (PSB-PR), pré-candidato à prefeitura da capital paranaense apoiado pelo presidente Lula. Tal aliança é similar àquela feita em São Paulo com Guilherme Boulos (PSOL-SP). Graeml concorrer contra o candidato apoiado pela diretiva nacional representa uma mudança drástica de posicionamento do partido, visto que Cristina é conhecida por suas posições conservadoras alinhadas ao bolsonarismo. Ao explicar a situação, Fabiano dos Santos criticou a intervenção da direção nacional do PMB, destacando que a decisão é uma “forma de extorquir dinheiro dos estados com organização política”. Ele garantiu, no entanto, que todas as medidas judiciais serão tomadas para garantir a realização da convenção em Curitiba e a manutenção da candidatura de Graeml. "Caso tentem, de fato venham consolidar, nós entraremos com mandado de segurança para garantir, mas a convocação já foi feita para Curitiba obedecendo o estatuto e haverá a convenção normalmente”, expressou.
A situação em Curitiba se assemelha ao caso ocorrido pelo PMB em Goiás. Erciley Pires Santana, presidente da Comissão Executiva do PMB estadual, também enfrenta a dissolução arbitrária de suas comissões pela presidente nacional do partido, Sued Haidar Nogueira. Em Goiás, a solução encontrada foi entrar com um pedido de restabelecimento das comissões provisórias e a prisão de Sued Haidar por descumprimento de decisão judicial. A interferência da direção nacional do PMB não apenas coloca em risco as candidaturas no Paraná e em Goiás, mas também gera um clima de instabilidade e desconfiança entre os membros do partido em várias regiões do país.
Conteúdo editado por: Mariana Braga