O senador Izalci Lucas (PL-DF) acredita que o ato pela anistia dos presos do 8 de janeiro, convocado por Jair Bolsonaro, terá um público ainda maior do que o previsto pelo ex-presidente. Bolsonaro previu que Copacabana, no Rio de Janeiro, receberá neste domingo (16) meio milhão de manifestantes. Em entrevista ao programa e à coluna Entrelinhas, Izalci comentou sobre as perspectivas dessa mobilização popular para pressionar o Congresso. De acordo com o parlamentar, a participação massiva é fundamental para fortalecer o Projeto de Lei (PL) da Anistia no Legislativo.
O senador enfatizou o peso da pressão popular, já que os parlamentares são sensíveis às manifestações do eleitorado, especialmente um ano antes das próximas eleições. O congressista também mencionou que há planos de realizar eventos em outras cidades. “Eu também estou doido para fazer um ato aqui em Brasília”, reforçou. O senador lamentou, no entanto, que o movimento ainda enfrente oposição, tanto de setores da mídia quanto do Judiciário.
Anistia como pauta prioritária
Após anúncio de Bolsonaro, a pauta central das manifestações passou a ser a anistia, apesar de serem esperados também cartazes "Fora Lula" e "Fora Moraes", em referência aos pedidos de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Izalci Lucas destacou que "a pauta é urgente" porque muitos dos presos não têm ligação direta com os eventos de 8 de janeiro. “A gente viu vários vídeos, inclusive das pessoas sendo encaminhadas para aquele ônibus, para a Esplanada, depois para a Polícia Federal. Pessoas que não tinham absolutamente nada com isso, que sequer participaram”, analisou.
Izalci também lembrou das penas desproporcionais, como a imposta à cabeleireira Débora Rodrigues, que está presa há dois anos por ter escrito com batom em uma estátua do Supremo Tribunal Federal (STF) a frase “Perdeu mané”, em referência a uma fala do ministro Luís Roberto Barroso. O senador reforçou que ela está impedida de criar os filhos pequenos. O julgamento de Débora está previsto para o final deste mês.
Influência externa à anistia
A repercussão internacional sobre o tema também foi tema da entrevista. O parlamentar acredita que a visibilidade dos atos fora do Brasil pode ajudar na luta pela anistia. “Eu espero que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, possa ser um fator importante também nesse episódio. Já existem ações nos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes, e isso acaba chamando atenção”, opinou.
“Cartas marcadas” contra Bolsonaro
A entrevista também abordou o julgamento de Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe, marcado para o dia 25 de março. O senador criticou o que considera um tratamento desigual no sistema judiciário brasileiro. “Já marcaram o julgamento da primeira turma e todo mundo já sabe qual será o resultado. Alguém tem dúvida do que a primeira turma vai fazer? Eu não tenho”, provocou.
Senado renovado para enfrentar abusos
O congressista destacou ainda a importância da renovação política no próximo pleito. Para ele, é essencial que os eleitores acompanhem o trabalho de seus representantes e exerçam seu direito de voto com responsabilidade, já que "voto tem consequência". O senador também comentou sobre a relação interna no Senado, mencionando que o Partido Liberal (PL) passou a ocupar posições importantes, como na Comissão de Segurança Pública, sob a liderança de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele reforçou que a Oposição precisa estar mais unida para enfrentar abusos do Judiciário e garantir a independência do Legislativo.
Izalci Lucas criticou as decisões monocráticas do STF e a interferência constante desse poder nas atribuições do Congresso. Para ele, a aprovação do fim das decisões monocráticas no Senado é um passo importante para evitar abusos de autoridade. Ele também mencionou a necessidade de fortalecer a Oposição no Senado Federal para barrar os excessos do Executivo e do Judiciário, ressaltando que as eleições de 2026 serão decisivas para garantir um Legislativo “forte e independente, essencial para a democracia no Brasil”.
“Deforma” tributária
Durante a entrevista, o senador Izalci Lucas ainda criticou a Reforma Tributária em andamento no Brasil, afirmando que o sistema tributário atual é "o pior do mundo". Ele acrescentou que a proposta de simplificação trazida pela Emenda Constitucional 132 é uma "mentira". Segundo ele, o novo modelo, com o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 26%, vai aumentar significativamente as obrigações burocráticas das empresas. De acordo com o senador, isso pode afetar principalmente as pequenas, que enfrentarão dificuldades em competir com as empresas que se beneficiam do novo imposto.
O senador também alertou para o impacto das altas taxas de imposto sobre o patrimônio e a falta de contrapartidas do governo em áreas essenciais como educação, saúde e segurança pública. "Você paga a maior carga tributária do mundo e, se quiser uma boa educação, tem que pagar por ela", concluiu, destacando que a alta carga tributária no Brasil não está acompanhada de serviços públicos de qualidade.
Crise econômica empurra Brasil para a direita
O senador Izalci Lucas apontou que a crise econômica atual no Brasil, exacerbada por governos de esquerda, serve para expor a "tragédia" deixada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), com o país mergulhado em um cenário de alta inflação e dependência de programas assistenciais. Ele afirmou que o governo atual não sabe administrar a economia, pois promove a dependência da população em programas como o Bolsa Família, enquanto penaliza os que trabalham e pagam impostos.
Para o congressista, isso prejudica a criação de empregos e mantém as pessoas em uma situação de miséria, sem oportunidades de sair da dependência do governo. No entanto, de acordo com o parlamentar, os erros da atual gestão estão cada vez mais evidentes e devem refletir nas urnas no ano que vem.
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