Apesar de ter sido chefe de Mário Fernandes, general da reserva e indiciado pela Polícia Federal (PF), o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) não foi incluído na lista divulgada nesta quinta-feira (21) com 37 nomes no inquérito que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado e a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Entre os principais nomes estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), militares de alta patente e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Todos são apontados como supostamente envolvidos no planejamento das ações investigadas pela PF.
Fontes próximas ao Partido Liberal afirmaram à coluna Entrelinhas que a exclusão de Pazuello do inquérito se deve à sua postura discreta durante os eventos. Segundo as fontes, o parlamentar evitou declarações públicas sobre os acampamentos organizados por manifestantes contrários à eleição de Luís Inácio Lula da Silva (PT), bem como sobre a confiabilidade do processo eleitoral daquele ano. Essa conduta teria afastado quaisquer vínculos diretos entre ele e os fatos apurados pela PF. O interlocutor também explicou que, de forma geral, os parlamentares do PL mantiveram uma postura similar, incluindo Alexandre Ramagem, que segue sob acusações políticas e jurídicas.
Mesmo com a ausência de Pazuello na lista de indiciados, ele e Ramagem enfrentam um pedido de cassação protocolado pela federação Psol/Rede no Conselho de Ética da Câmara. A ação alega quebra de decoro parlamentar. Ramagem é acusado de participação ativa nos planos investigados, enquanto Pazuello enfrenta a acusação de ter abrigado Mário Fernandes em seu gabinete entre março de 2023 e março de 2024. Fernandes, preso nesta semana, foi identificado como um dos integrantes do grupo “Kids Pretos” e apontado como suposto autor de um plano para eliminar o presidente Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Pazuello, ex-ministro da Saúde, defendeu seu ex-assessor em nota oficial. “Reafirmo minha crença nas instituições do país e na idoneidade do general Mário Fernandes”, declarou o deputado. Ele acrescentou estar confiante de que "logo tudo será esclarecido", reiterando sua convicção na inocência do general.
O resultado da investigação da PF foi apresentado ao ministro do STF e ainda não teve seu conteúdo divulgado pela Corte.
Quem são os "Kids Pretos"
O grupo é formado por militares do Comando de Operações Especiais (Copesp), uma unidade de elite do Exército Brasileiro baseada em Goiânia (GO). Esses militares recebem treinamento para missões de alta complexidade, como ações de sabotagem e guerra irregular. O apelido "Kids Pretos" faz referência aos gorros pretos usados por eles durante as operações. Outros integrantes do grupo presos foram o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e e o major Rafael Martins de Oliveira.
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