Rockmillys Basante, fundadora e presidente da ONG Ação Social Irmandade Sem Fronteiras, dedicada ao apoio a refugiados venezuelanos no Brasil, conversou com a coluna Entrelinhas sobre a manifestação mundial em defesa da democracia na Venezuela. O evento, marcado para o próximo sábado (17), ocorrerá em diversas cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte, Boa Vista, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória, entre outras. Segundo Basante, o objetivo é denunciar as violações de direitos cometidas pelo regime de Nicolás Maduro, que teria ignorado o resultado das eleições de julho. "Todo o mundo viu a violação de direitos com respeito às eleições", afirmou, mencionando que mais de 70% dos eleitores votaram a favor de Edmundo González Urrutia, mas o governo se recusou a divulgar as atas eleitorais, reprimindo opositores.
A manifestação busca chamar a atenção internacional para a grave crise enfrentada pelo povo venezuelano. De acordo com a presidente da Ação Social Irmandade Sem Fronteiras, o Brasil é um dos poucos países que reconhecem oficialmente a crise democrática na Venezuela e tem desempenhado um papel fundamental ao acolher refugiados. "Queremos que o Brasil continue sendo um exemplo de democracia e não siga o mesmo caminho de Venezuela e Cuba", ressaltou Basante, destacando a urgência de políticas migratórias justas e humanitárias para proteger os direitos dos imigrantes. Atualmente, segundo dados da ONG, há 2,86 milhões de refugiados venezuelanos na Colômbia, 1,54 milhões no Peru, 568,1 mil no Brasil, 532,7 mil no Chile e 444,8 mil no Equador.
Sediada em Curitiba, a Ação Social Irmandade Sem Fronteiras atua em rede com outras organizações brasileiras e tem recebido apoio de políticos de diferentes matizes ideológicos. Rockmillys explicou que a situação na Venezuela é ainda mais grave do que o noticiado internacionalmente, com sequestros de opositores, repressão violenta e o colapso de serviços essenciais como saúde e educação. "O salário-mínimo é de dois a quatro dólares, e a inflação é tão alta que o valor muda do início ao fim do dia", lamentou, descrevendo as dificuldades enfrentadas pelos venezuelanos em seu cotidiano.
Com a escalada da crise, a presidente da ONG expressou preocupação com a possibilidade de uma nova onda de refugiados venezuelanos buscando abrigo no Brasil e em outros países da América Latina. Ela ressaltou a importância de projetos como a Operação Acolhida, que promove o reassentamento de refugiados em várias cidades brasileiras, sendo Curitiba uma das mais requisitadas. "Será que Brasil e Colômbia estão preparados para uma nova onda de refugiados? O tsunami migratório é também um problema social e político", alertou Basante, destacando o impacto da crise venezuelana em toda a região.
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