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A Comissão de Educação (CE) do Senado Federal agendou para 17 de dezembro uma audiência pública para discutir o viés político e ideológico presente em livros didáticos que abordam o agronegócio brasileiro. A iniciativa é do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), embasada em uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA), da Universidade de São Paulo (USP), que revela que 60% das menções ao agro nos livros são negativas.
O estudo, solicitado pela associação De Olho no Material Escolar, envolveu mais de 3 mil horas de análise por 12 especialistas, que avaliaram 9 mil páginas de materiais das principais editoras do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Em entrevista à coluna Entrelinhas, Letícia Jacintho, presidente da associação, destacou que a audiência “será um divisor de águas para chamar a atenção da sociedade e das editoras sobre a atualização dos materiais usados em sala de aula sobre o setor rural”.
O levantamento aponta 746 menções negativas ao agro, com foco em temas como desmatamento, uso de pesticidas e conflitos fundiários. Letícia lembrou também que o setor, responsável por 15,1% de crescimento econômico no último ano, está presente em mais de 40% do conteúdo escolar, mas frequentemente é tratado de forma superficial ou ideológica. “O agronegócio passou por uma revolução tecnológica, garantindo segurança alimentar e padrões sustentáveis”, ressaltou. Jacintho explicou ainda que outros conteúdos também são instrumentos de desinformação e “achismos não-científicos” sobre a atividade rural, como a destruição ambiental, conflitos fundiários e exploração do trabalho.
Zequinha Marinho, por sua vez, reforçou que o agronegócio é essencial para a economia brasileira. “O agro é o mais importante segmento econômico do país. Gera riquezas, empregos e alimenta o Brasil e o mundo. Por que vilanizá-lo?”, questionou o senador, cobrando um foco maior na qualidade educacional. “Precisamos melhorar no PISA [programa de avaliação educacional internacional], valorizar os professores e garantir condições mínimas de aprendizado”, descreveu. Ele chamou atenção para os desafios estruturais no estado do Pará, onde apenas 14% das escolas têm bibliotecas e 7% contam com saneamento básico.
Os convidados para o debate incluem representantes da FIA/USP, do Ministério da Educação, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A audiência buscará soluções para reverter a visão negativa e destacar a relevância do agro no desenvolvimento sustentável.
Conteúdo editado por: Mariana Braga