Ouça este conteúdo
Com a proximidade da sucessão na presidência da Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), prepara novos acenos a aliados. Desta vez, o foco são as bancadas ruralista e evangélica, consideradas estratégicas para Lira. Os dois grupos são considerados de suma importância nesse processo pelo apoio que podem dar ao postulante apadrinhado pelo atual presidente. Para sair fortalecido, Lira precisa criar um nome de consenso em torno de um único candidato. Por isso, precisará honrar compromissos com o objetivo de atrair votos. De acordo com aliados de Lira procurados pela coluna Entrelinhas, o deputado garantiu que definirá neste mês o nome que terá o seu apoio na corrida pela cadeira.
A preocupação em atrair as duas frentes é justificável. Os grupos, que têm integrantes em comum, representam boa parte dos 513 membros da Câmara. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) conta com 304 deputados. Enquanto a bancada evangélica possui 212, dos quais 150 costumam votar em bloco. Emar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA) são os nomes mais cotados para sucedê-lo.
Bancada evangélica
Um dos principais pedidos da bancada evangélica é a instalação da comissão representativa que analisará o projeto de lei antiaborto. Essa iniciativa foi anunciada por Lira antes do recesso. As futuras sessões dessa comissão são cruciais para os parlamentares interessados no tema. A pauta mobiliza a sociedade e pode gerar discussões relevantes às vésperas do pleito municipal, o que pode mobilizar o eleitorado conservador.
Pec das Drogas
Outro foco de pressão sobre o presidente da Câmara está em torno da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que inclui a criminalização do porte de drogas na Constituição, independentemente da quantidade. Integrantes das bancadas evangélica e do agro desejam que o tema vá à votação no segundo semestre. O texto foi aprovado pelo Senado em abril, em um embate direto com o Supremo Tribunal Federal (STF), que julgava o assunto.
Bancada ruralista
As principais demandas da bancada ruralista ainda tramitam na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Elas se referem à atuação do Movimento Sem Terra (MST). Uma vez aprovadas na CCJ, as matérias do chamado “pacote anti-invasão” serão importantes para o grupo e se tornarão uma ferramenta de pressão para Lira angariar votos.
Um dos projetos de lei cria uma relação de pessoas envolvidas em ocupações de propriedades públicas ou privadas, o chamado “Cadastro de Invasores”. Outra proposta permite que, em casos de invasão coletiva, o dono da propriedade possa usar força para retirar os invasores do local no prazo de um ano e um dia do ato, independentemente de ordem judicial vigente.
Conteúdo editado por: Mariana Braga