Em entrevista à coluna Entrelinhas, o deputado Tião Medeiros (PP-PR) detalhou os objetivos do projeto de lei apelidado de “Lei da Reciprocidade”, que visa proteger o agronegócio brasileiro de restrições comerciais baseadas em pautas ambientais consideradas desiguais. Segundo o parlamentar, o texto foi apresentado antes do episódio envolvendo o Carrefour na França, mas ganhou relevância ao abordar exatamente o tipo de boicote que ele pretende evitar. “Caiu como uma luva. Minha intenção é que o Brasil não venha a incorrer nesse erro, nessas demagogias ambientais que podem prejudicar o produtor brasileiro”, declarou.
A proposta do deputado é que o Brasil se comprometa a não firmar acordos bilaterais ou multilaterais que imponham restrições ao comércio de produtos brasileiros, a menos que os países signatários adotem os mesmos padrões ambientais exigidos. “O projeto se chama ‘Lei da Reciprocidade’ para evitar o ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’”, explicou. Ele ressaltou que muitas das demandas ambientais impostas ao Brasil “são hipócritas”, já que não encontram pré-requisito equivalente nos países que as defendem. Tião confirmou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já iniciou articulações para definir o relator do projeto, em conjunto com a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).
Comércio da carne brasileira
O parlamentar avaliou à coluna que a produção brasileira segue um dos mais rígidos controles ambientais do mundo e que as áreas de desmatamento usadas na produção são legais. Para Tião, a declaração de Alexandre Bompard, executivo do Carrefour, reflete uma tentativa de desmoralizar os produtos brasileiros à medida que ganham mercado. Bompard disse ser contrário à proposta de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, e que, para defender os interesses dos produtores franceses, se comprometia a não vender carnes do bloco sul-americano nos mercados da rede Carrefour na França. “Nosso grande desafio é desmistificar essa narrativa mentirosa que eles tentam impor, usando uma empresa francesa para isso”, pontuou Tião Medeiros.
O congressista acredita que as pautas ambientais radicais têm perdido força globalmente, citando a queda de empresas fortemente associadas a práticas ESG e a mudança de postura dos eleitores americanos após a eleição de Donald Trump. “Eles passaram do ponto. Essas pautas inviabilizam a cadeia e não vão pautar o agronegócio mais”, afirmou, referindo-se ao Carrefour como um exemplo de intenção comercial mascarada por ativismo ambiental.
O deputado federal também elogiou o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela expansão dos mercados internacionais para a carne brasileira, como Japão, México e parte da Ásia. “Isso dilui riscos de concentrar as vendas em poucos mercados, como a Europa, e é uma vitória importante da cadeia produtiva brasileira”, destacou.
Áudios de militares podem inocentar Bolsonaro de suposto golpe de Estado?
Lula estreita laços, mas evita principal projeto da China; ideia é não melindrar os EUA
Congresso frustra tentativa do governo de obter maior controle sobre orçamento em PL das Emendas
A postura “lacradora” do Carrefour na França e a reação do agro brasileiro
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS