No dia 8 de agosto, os produtores rurais do Rio Grande do Sul promoverão um “tratoraço” em Porto Alegre para pressionar o governo federal devido à ausência de medidas eficazes após a enchente histórica de maio. O movimento SOS Agro RS, liderado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e pela Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetag-RS), está exigindo ações específicas, como a prorrogação das dívidas por 15 anos, com três anos de carência e juros anuais de 3%, além de medidas voltadas para pequenos produtores.
A Emater-RS reporta que aproximadamente 206 mil propriedades foram prejudicadas, afetando setores como grãos, hortaliças, fruticultura, agroindústria e pecuária. Recentemente, o Senado Federal transformou o projeto de lei 1536/24 em medida provisória, que concede anistia para dívidas de custeio e crédito rural com vencimento até 31 de dezembro. Contudo, os produtores ainda aguardam um suporte mais robusto.
À coluna Entrelinhas, o deputado Sanderson (PL-RS) ressaltou que a produção rural no estado enfrenta desafios severos, com dois anos de estiagem seguidos por uma tragédia histórica. Segundo ele, “a enchente destruiu praticamente tudo no estado, incluindo lavouras, produção de gado leiteiro e gado de corte, estábulos, silos e equipamentos agrícolas”. Sanderson lamentou a necessidade dos conterrâneos e criticou a falta de assistência federal, afirmando que “até agora nenhuma ajuda efetiva foi disponibilizada pelo governo federal” para lidar com a situação.
Dentro do pacote de ajuda ao RS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, em maio, a suspensão temporária do pagamento da dívida do estado com a União por um período de três anos. A contrapartida é que o dinheiro que seria pago seja utilizado em ações de recuperação no estado. Em seguida, o governador Eduardo Leite (PSDB), que participou do anúncio via internet, agradeceu, mas insistiu no perdão da dívida, hoje em cerca de R$ 95 bilhões. “Para reconstruir o estado precisamos de recursos do próprio estado. E hoje, os recursos do estado estão absorvidos por dívidas contraídas durante décadas no passado, entre as quais a dívida com a União", afirmou o governador em entrevista.
No mês passado, o governo declarou que já destinou R$ 91,7 bilhões para apoiar o estado. No entanto, somente R$ 13,5 bilhões desse total já foram realmente pagos ou concedidos, o que corresponde a 14,7% do anunciado.
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