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O cinema de horror está cheio de representações femininas fortes. A lista inclui Ellen Ripley (Sigourney Weaver), Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) e Sidney Prescott (Neve Campbell). Isso sem falar em Buffy Summers, vivida por Kristy Swanson nas telonas e por Sarah Michelle Gellar na TV.

Essas personagens são caracterizadas por inverter o papel de vítima das mulheres, tão comuns nos horrores góticos da Universal ou da Hammer. Em Alien (1979), Halloween (1978), Pânico (1996) e Buffy – A Caça-Vampiros (1992), elas botam para quebrar – matando alienígenas, vampiros e assassinos psicopatas. Dava até para categorizar esses filmes como horrores sexistas, por suscitarem discussões de gênero.

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Meu horror sexista favorito é Abismo do Medo (2005), de Neil Marshall. A trama acompanha um grupo de mulheres desbravando um sistema de cavernas subterrâneas. O problema é que elas dão de cara com um grupo de monstros canibais humanoides – que têm um visual bem legal.

Direto ao ponto, Marshall coloca um monte de mulheres independentes e aventureiras para serem mortas na frente das telas. As personagens que se salvam são aquelas com maior carga emocional, como a protagonista que perdeu a família num acidente de carro e sua melhor amiga, que escondia um caso com seu marido.

Esse drama entre as duas, na verdade, ocupa muito pouco tempo de tela. Pois apenas reforça a imagem de resistência dessas personagens. Como mulheres que trabalham em jornadas duplas de trabalho.

Marshall também parece bastante interessado em mostrar a brutalidade da sociedade masculina. Os monstros são quase todos machos, nus e bestiais. Reconhecemos facilmente que as mulheres na tela são vítimas da própria ambição ao desbravar as cavernas. O recado do diretor é o de que o sexo feminino, quando busca ser independente, não sobrevive porque o mundo sexista as sufoca.

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O excesso de interpretação não tira o brilho do filme em seu aspecto mais interessante: o medo. Ficamos apavorados com a atmosfera sombria de um local inexplorado. Mesmo a maquiagem dos monstros é apavorante – especialmente pelo fato de serem versões levemente distorcidas de nós.

Facilmente defendo Abismo do Medo como um dos filmes mais assustadores da década passada. Existe uma sequência feita por encomenda do estúdio e com alguma pressa. Não tem o mesmo efeito, nem a mesma mensagem do original.