Envelhecer deve ser sufocante para a diretora norte-americana Amy Heckerling. Responsável por sepultar os valores adolescentes em duas décadas diferentes, com Picardias Estudantis (1982) e As Patricinhas de Berverly Hills (1995), a cineasta tem lidado com a passagem do tempo em suas últimas obras.
Em Nunca é Tarde para Amar (2007), ela mostrou um relacionamento entre Paul Rudd e Michelle Pfeiffer para debater o conflito de gerações provocado por mulheres de meia idade que resolvem namorar homens mais novos. Em 2012, sua crise com o envelhecimento caminhou para o horror no filme Vampiras.
Protagonizado por Alicia Silverstone e Krysten Ritter, o longa-metragem acompanha duas vampiras vegetarianas que tentam ficar antenadas com as tendências atuais. Uma das personagens, com mais de cem anos, reflete a preocupação da diretora com a velocidade da comunicação contemporânea, que passa constantemente por mudanças, inclusive nos relacionamentos.
As críticas recaem sobre o excesso de informação e as aceleradas mudanças tecnológicas. “Por que não podemos conversar cara a cara como antigamente?”, questiona a vampira de Alicia, durante uma das cenas. “Não preciso de um iPad Mini para poder interagir com outras pessoas”, diz a protagonista – provavelmente repetindo as inquietações da diretora sobre a nova juventude.
O horror entra para dar um tom mais humorado para a trama. Para evitar sangue de humanos, as protagonistas bebem ratos vivos – com canudinhos. A vilã, interpretada por Sigourney Weaver, devora dezenas de chineses mortos num restaurante reclamando que comida chinesa nunca parece ser o suficiente para encher a barriga. A violência é bem explícita, com direito a close em cabeças decepadas (um tratamento verdadeiramente digno para vampiros – ao contrário de toda a cinessérie Crepúsculo).
Vampiras pode ser visto como um filme bem bobo, especialmente pelos conservadores. Mas trata-se de uma obra que discute a juventude atual, provoca risos e é levemente violenta. O suficiente para uma boa diversão.