O horror conversa com outros gêneros cinematográficos com facilidade. Da comédia, nascem pérolas como Palhaços Assassinos (1988). Do drama, surgem obras poderosas como O Exorcista. Mas os filmes de ação sempre parecem errar a mão na hora de transportar o medo para a tela. Estão aí Resident Evil (2002) e Van Helsing (2004), que não me deixam mentir. Guerra Mundial Z (2013) vem para tentar estabelecer uma nova referência.
Adaptação da obra homônima de Max Brooks, o filme mostra o apocalipse zumbi de uma perspectiva global, colocando Brad Pitt no papel de um investigador da ONU. O personagem é encarregado de descobrir em que país e de que forma surgiu o vírus que transformou boa parte do planeta em mortos esfomeados.
A correria da trama, que lembra muito uma estrutura narrativa dividida por fases como num videogame, e o uso contínuo de armas mostram que a intenção do diretor Marc Forster era transformar a obra de Brooks num filme de combates. Depois do primeiro ataque dos zumbis na Filadélfia, temos confrontos em aeroportos, aviões e cidades sagradas (mais especificamente Jerusalém). Quase todos com intervalos curtos de diálogos.
O ritmo alucinado da obra é reflexo da escolha dos produtores em colocar os zumbis para correr. A solução, que os torna mais ameaçadores, descaracteriza um pouco essas criaturas – algo que Forster tenta resolver no último ato do filme.
Como exemplar de horror de ação (ou seria ação de horror?), Guerra Mundial Z se mostra bem eficiente. Em vários momentos, Pitt soa como John McClane, enfrentando mortos que fizeram o mundo de refém. Sobra pouco espaço para o medo. Aliás, sobra pouco espaço para qualquer coisa entre os cortes rápidos e a câmera trêmula do diretor além de tensão (nas projeções em 3D, isso é particularmente irritante).
O fim deixa o público com uma sensação que ecoa a amargura dos desfechos dados por George Romero às suas obras. Como foi radicalmente modificado, a solução para o drama soa inconclusiva – o que deixa a expectativa para uma sequência, confirmada pelos produtores depois que a obra invadiu (como zumbis) com sucesso os cinemas do mundo todo. Parece que teremos outros horrores de ação no futuro.