Em Psicose (1960), o genial Alfred Hitchcock filma um pervertido Anthony Perkins observando Janet Leigh se despir por um buraco na parede. Minutos depois de ficar nua, sua personagem é assassinada a facadas numa das cenas mais belas e assustadoras da história do cinema.
A sétima arte é cheia desses exemplos que aproximam o horror do sexo. Embora os dois elementos tenham efeitos diferentes na tela, o ato de assistir muitas vezes é o mesmo para o espectador: ver o marginal, o proibido.
Em várias obras, a base da narrativa desses filmes é mais ou menos a mesma. Cenas de morte/sexo elencadas sem coerência alguma. Seria o horror uma forma de pornografia? Na qual o ato de olhar é mais importante que o roteiro?
Acho que não. Aposto nisso mesmo diante de subgêneros como o gore ou o torture porn, cuja característica primordial é exibir violência em sua forma mais explícita – como é o caso da série O Albergue, de Eli Roth.
A grande diferença entre o horror e a pornografia é que o primeiro precisa da ficção para criar empatia do público. Por mais que seja legal ver monstros e mortes, um filme do gênero só é eficiente se suspender a descrença do espectador para que ele fique com medo. Quando isso não ocorre, o conjunto de elementos narrativos dá conta de completar as características da obra.
A pornografia, por outro lado, se vale no uso livre de cenas reais de sexo explícito. Dá para contar nos dedos os filmes com elementos pornográficos que objetivam ser Cinema (com “C” maiúsculo mesmo), como é o caso de Império dos Sentidos (1976). Tratam-se de exceções, pois são exemplares de um gênero que depende do público que espia, mas não assiste.
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