Filme que passou praticamente batido pelos cinemas brasileiros, Os Escolhidos pode ser uma boa surpresa para fãs do horror. Com poucos traços de originalidade (nem acho que isso seja uma crítica de verdade), a obra acompanha uma família que enfrenta situações inexplicáveis em seu cotidiano, como uma bagunça na cozinha, um amigo imaginário do filho e uma revoada de pássaros suicidas. Logo, os fenômenos se revelam de origem alienígena.
Produzido por Scott Stewart, que cometeu filmes como Padre (2011) e Legião (2010), o longa-metragem é bastante eficiente em fazer os espectadores grudarem de tensão nas cadeiras. A estratégia foi seguir a receita de Tubarão (1975), sugerindo a presença dos antagonistas sem necessariamente mostrá-los.
A protagonista vivida por Keri Russell enxerga nas sombras e nos seus delírios as criaturas sem forma que atormentam seus filhos. Muito pouco é mostrado para o público, que acompanha a trama do ponto de vista dos personagens. Em certo momento, o filme chega a sugerir que as evidências sobrenaturais encontradas pela família sejam fruto de um delírio coletivo – o que deixa tudo mais aterrador, pois enlouquecer figura no topo dos medos do homem contemporâneo.
Por lidar com temas quase metafísicos, Os Escolhidos deixa várias pontas soltas. Algumas delas são bem macabras – como a ideia de que já fomos invadidos por alienígenas e, hoje, somos como um laboratório.
A narrativa apresenta uma semelhança grande com Sinais (2002). Isso porque coloca uma família impotente, cheia de conflitos e que tenta se proteger com as ferramentas que estão mais próximas. E como na obra de M. Night Shyamalan, o filme de Stewart falha ao mostrar seus verdadeiros vilões.
Cheio de defeitos, Os Escolhidos se torna um bem vindo passatempo. A produção modesta compensa pelo medo que provoca no público. Especialmente por suas ideias incompletas, que deixam buracos espalhados pela cabeça de quem assistiu.
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O filme está em cartaz em Curitiba (veja os horários das sessões).