A matéria de ontem (11/03) do jornal Folha de São Paulo sobre a nova safra de filmes brasileiros de horror provocou polêmica nas redes sociais entre produtores e apreciadores do gênero no país. O motivo não foi a escalação de Sandy para o elenco do suspense Quando Eu Era Vivo, mas a afirmação do cineasta Kléber Mendonça Filho (O Som ao Redor) de que o cinema de horror nacional está estagnado desde o lançamento de Encarnação do Demônio (2008), de José Mojica Marins.
A declaração ignora lançamentos como Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos, do paranaense Paulo Biscaia Filho; A Noite dos Chupacabras, de Rodrigo Aragão; e Desaparecidos, de David Schurmann, entre inúmeros outros.
Na sua conta do Facebook, Biscaia publicou um manifesto indignado contra a matéria:
“Este país não se restringe nem a ponte aérea Rio-SP, nem aos filmes produzidos com dinheiro público federal. Vão dar um google que seja e em dois segundos vão ver que existem uns caras estranhos chamados Petter Baiestorf, Felipe Felipe M. Guerra, Kapel Furman, Davi De Oliveira Pinheiro, sem falar em tantos outros além do mestre Rodrigo Aragão e humildemente este que vos escreve. E essa turma está produzindo muito mais do que os senhores imaginam.”
O jornalista Carlos Primati, que no início dos anos 2000 comandou a revista Cine Monstro, também comentou a reportagem, lembrando alguns dos filmes do gênero lançados desde 2008. A lista inclui Mystérios (Beto Carminatti e Pedro Merege), O Fim da Picada (Christian Saghaard), Porto dos Mortos (Davi De Oliveira Pinheiro), Nervo Craniano Zero (Paulo Biscaia Filho) e Matadouro (Carlos Junior), entre outros.
Responsável por títulos como Mangue Negro e A Noite dos Chupacabras, Rodrigo Aragão fez até uma petição para que o jornal corrija o esquecimento. O cineasta, que está preparando terreno para o lançamento de Mar Negro, também não foi lembrado na lista de lançamentos feita pela matéria.
A indignação dos produtores revela que o horror no Brasil existe. Só precisa chegar ao público.