Rose Maria Lopes é moradora de Castro, nos Campos Gerais. Ela e as filhas, Ketila e Diese, não estão nas estatísticas de famílias prejudicadas pela chuvarada que caiu sobre o estado desde a última sexta-feira (6), mas escaparam por poucos centímetros. As três moram na rua General Câmara, área central da cidade, e o vizinho do fundo é o Rio Iapó.
Normalmente, o curso da água mantém a distância segura de 500 metros das casas. Mas desde sábado (7) o leito subiu e a água foi aproximando-se. O vizinho encostou no muro e ficou espiando para dentro das casas, inconveniente. Somente nesta terça (10) começou a se afastar, mas ainda está perto o suficiente para manter o desassossego.
No ano passado, o vizinho entrou sem pedir licença. Ketila perdeu uma cama e um guarda-roupa. O restante deu tempo de tirar da casa. “A gente já pediu para a prefeitura fazer um muro de contenção. Mas sabe como é…”. Sabemos.
Dona Rose reclama, mas com mais de 30 anos de convivência diária com o Iapó já vê pontos positivos no morador dos fundos, uma empatia criada depois de uma relação conflituosa ao longo do tempo. “Pelo menos a água é parada. Na cidade grande a gente vê que o rio sobe rápido e leva tudo. Aqui, pelo menos, nós temos tempo de tirar as coisas”.
Se não chover mais, a água irá baixar e manterá distância da casa da família Lopes. O problema é que na próxima chuvarada o Iapó irá tentar fazer uma nova visita. O olhar ressabiado de dona Rose para o rio só terminará quando um muro mantiver cada um no seu terreno.