A variável clima será decisiva, mas a soja tem potencial para igualar ou até superar a marca de 13,8 milhões/t. O milho reduz 1,5 milhão/t
Com toda cautela que o tema requer, principalmente em ano de La Niña, variável decisiva na projeção da temporada, no ciclo 2010/11 a soja do Paraná tem potencial para igualar o desempenho excepcional registrado na safra anterior. A partir do levantamento realizado pela Expedição Safra, o Indicador de Safra Gazeta do Povo aponta, neste momento, para uma produção estimada de 13,87 mi¬¬lhões de toneladas, volume li¬¬geiramente superior às 13,86 milhões/t colhidas exercício 2009/10. A previsão, que considera um recuo na produtividade média, para 2.970 quilos/hectare, ou 49,5 sacas/ha, trabalha com um aumento de 4,5% na área, que cresce em cima do milho.
A extensão destinada ao cereal de verão encolhe em mais de 170 mil hectares. Ele foi preterido basicamente por dois motivos. Apesar da cotação atual, atrativa, a relação custo/rentabilidade da safra passada desestimulou o plantio. A reação nos preços internos, a partir de agosto, aconteceu depois que a decisão de cultivo já havia sido tomada. O segundo fator é que o milho tem um risco climático maior do que a soja, que além de mais liquidez suporta mais e melhor possíveis veranicos, períodos de estiagens no desenvolvimento das lavouras, típicos do La Niña.
De qualquer forma, com mais soja e menos milho – puxado pelo cereal, o resultado total das duas culturas tende a ficar abaixo das 20,6 milhões de toneladas colhidas no ano passado –, o fato é que o mercado está e deve continuar em alta.
Safra transgênica
Será mais difícil encontrar grãos convencionais no Paraná no ano que vem. Três de cada quatro sacas de soja e milho que o estado irá colher neste verão serão transgênicas, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. As sementes geneticamente modificadas (GM), que no ano passado cobriam pouco mais da metade das lavouras, vão ocupar 76% da área no ciclo 2010/11.
Levantamento da Expedição mostra que a soja GM ganha quase um milhão de hectares nesta temporada. A participação das sementes transgênicas passou de 66% no ciclo passado para 83%. Foi o maior salto desde a 2006/07, primeiro ano da sondagem da Expedição e safra de estreia legal da tecnologia RR (resistente ao glifosato, herbicida que controla as ervas daninhas) no Brasil.
O milho transgênico venceu a perda de terreno da cultura e conquistou mais 150 mil hectares no Paraná neste verão. O índice de adoção do cereal GM avançou de 44% no ciclo 2009/10 para 71% em 2010/11. Na última safrinha, atingiu 61% de cobertura no estado.
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