A Orquestra de Câmera de Viena em Curitiba: atuação da iniciativa privada

Neste dia 5 de novembro às 21 horas teremos o segundo concerto de (alto) nível internacional apresentado em Curitiba este ano, no Grande Teatro da Universidade Positivo. Depois do magnífico recital de Yuja Wang acontecido no último dia 6 de outubro, se apresentará a Orquestra de Câmera de Viena dirigida por Stefan Vladar, que também atuará como solista. Tais raros acontecimentos culturais em Curitiba passam longe dos órgãos governamentais locais. Estes na realidade vêm perdendo protagonismo nesta questão, e no futuro, acredito eu, o poder público estará cada vez mais ausente de grandes eventos de música clássica, especialmente naqueles que contam com grandes estrelas internacionais.

Mesmo as atividades ligadas à música clássica com artistas locais praticamente inexistem na cidade, fora as Temporadas dos conjuntos locais, a Camerata Antiqua de Curitiba e a Orquestra Sinfônica do Paraná. E cumpre destacar que a Sinfônica local, depois de um concurso público que deixou muitas pessoas com a “pulga atrás da orelha”, paga para os novos músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná os menores salários pagos a músicos profissionais de orquestra no país, e ao contrário da Camerata Antiqua, se apresenta com uma frequência muito abaixo do que as congêneres nacionais o fazem. Resumo da ópera: Os poderes públicos, algumas vezes,  deixam a desejar no trato das produções que enfocam a música clássica no Paraná.

É neste aspecto que a Universidade Positivo, que além de produzir estes dois concertos, o de Yuja Wang e da Orquestra de Câmera de Viena, promete dedicar muito de suas atividades do próximo ano à divulgação da música erudita. Sei que além de grandes concertos internacionais, numa consistente temporada, estão agendadas outras atividades envolvendo todos os funcionários do Grupo Positivo (Universidade, Colégios, Gráfica, Informática) que puxariam um interesse coletivo. O calendário do ano que vem a ser distribuído para os funcionários, por exemplo, será unicamente dedicado à história da música, sendo que em cada mês será enfocada a vida de um grande compositor. Iniciativas como essa são altamente bem vindas e salutares.

O programa que a Orquestra de Câmera de Viena apresentará mostra mais uma vez o esmerado cuidado dos produtores. Abre com um clássico do século XX: o “Concerto em Ré” de Stravinsky, obra composta em 1946 e dedicada à Orquestra de Basel. Em seguida duas obras de Mozart: o Concerto Nº 12 de Mozart, uma das primeiras composições que ele escreveu em seu período vienense e seu juvenil Divertimento em Fá maior, obra escrita quando o compositor tinha 15 anos de idade. Mas a “cereja no bolo” será a belíssima Serenata em mi maior do compositor romântico tcheco Antonín Dvořák, que junto com a Serenata de Tchaikowsky, é um exemplo único de uma obra prima do período romântico escrita para orquestra de cordas. Sem dúvida, uma noite de arte e cultura, como deve ser.