Na edição de fevereiro da conceituada revista inglêsa BBC Music o compositor do mês (uma tradicional coluna da revista) é Heitor Villa-Lobos. Em um artigo assinado por Janet Crane pude constatar alguns erros bem grosseiros, e quero aqui no Blog discorrer sobre eles. Vou enumerá-los :
1 – Ao falar sobre o uso de vozes como instrumentos ela se refere longamente a um tal de Choros nº4 , Pica Pau. Ora, o Choros a que ela se refere é o Choros n°3, sendo que o Choros nº4 é para três trompas e um trombone. Seria a mesma coisa falar que a Oitava Sinfonia de Beethoven usa um texto de Schiller.
2- Numa determinada parte do texto ela diz que na versão para coro da Bachianas nº 9 as vozes fazem “glissandos vocais, suspiros e sílabas”. Ao que parece ela nunca ouviu a Bachianas nº 9.Ele deve ter confundido a Bachianas 9 com o Noneto, este sim, que contém “glissandos vocais, suspiros e sílabas”
3- Ela afirma que Villa-Lobos a partir de 1912 tocou violoncelo na Orquestra do Theatro Municipal para ganhar a vida.Eis a frase original em inglês: “He settled back in Rio de Janeiro playing cello in the Theatro Municipal orchestra”. Alguém já ouviu falar disso?
4- Ela diz sobre a última obra importante do compositor a Floresta do Amazonas que ela reconta a história do filme. Será???.Olhem a frase em inglês: “…a tone poem (?) that rettels the novel…”. A Floresta do Amazonas não é um poema sinfônico !!! Existe uma obra chamada Amazonas do início da carreira de Villa-Lobos que é um poema sinfônico. Ela confundiu as duas obras.
5- Ao falar do trabalho de Villa-Lobos no governo Vargas ela chama o ciclo de peças baseadas em temas folclóricos de Guia Prática(sic, com a mesmo!!!!). De chorar….
6- Na cronologia histórica comparativa entre o Brasil e a vida do compositor ela destaca 7 fatos históricos marcantes em nosso país , entre eles a vinda ao Brasil da botânica inglesa Margaret Mee em 1952, que no texto, pra lá de tendencioso, seria a responsável pela “primeira exploração botânica na Amazônia”. Uma botânica inglesa é um dos fatos mais importantes no nosso país entre 1897 e 1958. Muita pretensão!
7- Na lista de gravações sugeridas para que os leitores conheçam a obra de nosso maior compositor ela dá destaque a uma gravação da Bachianas nº 4 com uma orquestra dinamarquesa, que tive o trabalho de ouvir, e que é muito menos interessante do que diversas outras, inclusive a gravação regida pelo próprio compositor.
Agradeço à revista por ter escolhido nosso maior compositor como compositor do mês na edição de fevereiro. Mas que convidassem alguém com conhecimento de causa para escrever a coluna.
PS : Modifiquei algumas coisas no texto em razão de excelentes comentários feitos pelo compositor Harry Crowl.
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