A produção esmerada da "Orquestra ladies ensemble" de Curitiba| Foto:

 

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Estamos no mês de agosto, e ainda não há da parte da Secretaria de Cultura do Estado (e do Centro Cultural Teatro Guaíra) nenhuma solução para uma normalização das atividades da Orquestra Sinfônica do Paraná. Lembro que algumas dezenas de excelentes instrumentistas foram demitidos em fevereiro por estarem em situação legal irregular, e que um concurso para preenchimentos das vagas foi prometido, a princípio, para março, depois abril, finalmente junho, sendo que este foi impugnado em julho por ação da OAB e da Ordem dos músicos. Estamos em agosto e nada foi resolvido para este concurso, que promete, quando um dia acontecer, mesmo com salários 50% menores do que os oferecidos aos músicos estatutários, dar uma solução jurídica definitiva aos instrumentistas.

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Neste meio tempo a Orquestra Sinfônica do Paraná se apresenta, mesmo que esfacelada, em uma temporada pautada pela improvisação. O trombonista e maestro alemão Stefan Geiger, diretor artístico da orquestra, raramente é visto à frente do conjunto, e como a orquestra, no seu estado atual, está longe de ter o tamanho de uma orquestra sinfônica, acaba se apresentando em palcos alternativos, especialmente em cidades da região metropolitana de Curitiba (veja a foto acima). Triste é que certos excelentes instrumentistas que atuam somente em obras que exigem grande número de músicos, como os que tocam tuba, harpa, piano (orquestral) e percussão, ficam sem ter o que fazer. Se houvesse um mínimo de criatividade não estariam parados, mas, como disse, tudo tem acontecido na base do improviso.

Novos espaços

Em meio a esta situação um tanto quanto caótica um fenômeno interessante que se tem observado em Curitiba neste ano é a atuação de novos conjuntos com novos objetivos, fora da esfera estatal. Estes conjuntos utilizam os mesmos músicos da Sinfônica do Paraná, os que estão empregados e os que foram demitidos. Um deles é a “Orquestra Filarmônica de Curitiba”, que tem como diretora artística a violinista Kika Marquardt. Neste ano o conjunto, que tem atuado sob a regência de Alexandre Brasolin, apresentou espetáculos que, mesmo cobrando às vezes um preço alto, tem seus ingressos completamente esgotados. As ideias excelentes dos últimos concertos explicam este enorme sucesso: O Filme “Fantasia” de Walt Disney com música ao vivo, “Clássicos da TV”, com músicas que marcaram filmes e séries, e “Broadway in concert”, um bem-sucedido evento com orquestra sinfônica, coro, bailarinos e cantores.

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Outro conjunto que se apresentou com enorme sucesso neste ano, em eventos com ingressos esgotados, foi o “Orquestra Ladies Ensemble”, cuja diretora artística é uma das instrumentistas demitidas da Sinfônica do Paraná em fevereiro, a violista Fabiola Bach. Formado apenas por mulheres tem suas apresentações pautadas por produções caprichadíssimas, desde os figurinos, maquiagem, cenário, e com um repertório de acentuado bom gosto. As últimas apresentações foram regidas por Alessandro Sangiorgi. Quem sabe a solução é esta: a música sinfônica se afastar do ranço estatal, procurando patrocínios privados. Algo que dá para pensar frente a situações que englobam a falência econômica do poder público.