Desde 1998 vim atuando como produtor de programas de música clássica na Rádio Educativa do Paraná. Logo que comecei minha atuação na emissora tive o prazer de conhecer José de Melo, que na época era Diretor da rádio. Juntos, e com a colaboração técnica competente de Joaci Santos, com quem tive o privilégio de trabalhar nestes anos todos, criamos um programa de meia hora, que ia ao ar na hora do almoço: "Falando de música". Foi um dos programas de maior audiência na época, não só na emissora, mas em toda a grade local. A partir desta bem sucedida empreitada José de Melo me convidou a produzir novos programas, um inclusive que chegava a ter 4 horas de duração,"Ópera completa", que ia ao ar nos domingos à noite. Minha caixa de e-mail vivia abarrotada de ouvintes perguntando, comentando, e algumas vezes fazendo sugestões. Este público cativo foi completamente dispersado quando das duas gestões de Roberto Requião. O programa da hora do almoço e de ópera foram extintos, e programas de música clássica, como diria o saudoso compositor José Penalva, se assemelhavam com programas pornográficos, pois só eram apresentados de madrugada.
A situação melhorou na administração da Rádio com a entrada de Paulo Vitola em 2011. A música clássica voltou ao horário do almoço as domingos, com o programa "O maestro explica". Depois de 8 anos a minha caixa de e-mail voltou a ter mensagens de ouvintes. Adriana Sydor foi uma diretora da rádio com a qual sempre foi um prazer trabalhar. Tanto Vitola como Sydor se foram.
Com minha aposentadoria solicitei que me fosse pago algum tipo de pro labore, para pagar despesas como transporte e eventual alimentação. Uma senhora, que ocupava a Direção da Rádio no ano passado, cujo nome fiz questão de esquecer, me surpreendeu dizendo que se eu saísse da rádio estaria fazendo um favor a ela, já que havia uma lista enorme de pessoas bem relacionadas no governo que gostariam de fazer "algo" na Rádio, e que um pro labore estava fora de cogitação.
Continuei, mesmo assim, por puro idealismo, até que a atual gestão resolveu alterar a grade de horários, extinguir a função educativa dos meus programas, e sobretudo extinguir "O maestro explica" da hora do almoço. E isto, sem haver o mínimo respeito a quem por 21 anos trabalhou na rádio, mandando apenas um recado. Joguei a toalha, desisto. Me despeço de meus ouvintes, apesar de que com uma certa desfaçatez, a direção reprisará ad aeternum meus programas para preencher buracos. Ao menos quem perder o sono na madrugada, ouvirá algo bom.
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