Faleceu hoje de manhã em Bolonha, na Itália, o maestro Claudio Abbado, aos 80 anos de idade (completaria 81 em junho). Claudio Abbado esteve à frente de alguns dos mais importantes organismos musicais da Europa: Teatro La Scala de Milão (1968-1986), Ópera de Viena (1986-1991), Filarmônica de Berlim (1989-2002). Além disso foi principal maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Londres (1979-1987) e da Orquestra Sinfônica de Chicago (1982-1986). Claudio Abbado nasceu em Milão em meio a uma família de intelectuais, e estudou regência em Viena sob a orientação do grande mestre Hans Swarowsly. Começou sua carreira bem cedo, tendo regido no Teatro La Scala pela primeira vez quando tinha apenas 26 anos de idade e antes dos 35 anos já tinha regido a Filarmônica de Viena e a Filarmônica de Nova York. Depois de sua saída da Filarmônica de Berlim, onde sucedeu Herbert von Karajan, Abbado dedicou-se a criar e incentivar novos grupos musicais: a Orquestra Mozart de Bolonha (recém extinta, infelizmente) a Orquestra de Câmera Gustav Mahler, a Orquestra Jovem Gustav Mahler, e ficou particularmente conhecida a sua reestruturação da Orquestra do Festival de Lucerna.
Amplo repertório
O repertório de Abbado foi um dos mais extensos de toda a história da regência de orquestra, e neste repertório ficou marcada a exigência do maestro: nunca Abbado regeu uma obra que ele julgava indigna de ser apresentada. Além do repertório convencional Abbado se destacou pela divulgação da música contemporânea tendo regido obras dos mestres de seu tempo como Boulez, Kurtág, Ligeti, Luigi Nono, entre tantos outros. Soberbo intérprete de Mahler foi também um expoente na interpretação da música francesa, sobretudo Debussy e Ravel. Ao mesmo tempo foi um grande defensor da obra dos mestres italianos que ele julgava de grande mérito: Rossini e Verdi.
Apuro em termos de edições
Um dos legados mais importantes de Claudio Abbado reside em um apuro incondicional em termos das edições autênticas. Foi um grande entusiasta das edições originais da obra de Mussorgsky, e nos livrou de vez daquelas malfadadas edições apócrifas que tanto desfiguram a obra do grande gênio russo. Foi também um entusiasta da divulgação da ópera Carmem de Bizet, livre daqueles recitativos medíocres compostos por um aluno do mestre francês. Suas execuções das Sinfonias de Beethoven, Schubert e Brahms foram também um exemplo de apuro em termos editoriais. Abbado era um maestro extremamente sério e coerente.
Legado
Falar do legado discográfico de Abbado torna-se um pouco difícil, já que foi um dos maestros que mais gravou em toda a história, e a quantidade de registros maravilhosos beira mais de uma centena. Em termos cronológicos citaria suas gravações das óperas de Rossini, sobretudo Il Barbieri di Siviglia e Il viaggio a Reims, e as gravações que fez das óperas de Verdi, sobretudo Macbeth e Simon Boccanegra. Suas gravações das Sinfonias de Mendelssohn e de Brahms permanecem como referência, e as gravações das óperas de Mussorgsky Boris Godunov e Khovantchina estão entre as melhores já feitas. Quando se trata da música escrita no século XX Abbado permanece como um dos maestros mais brilhantes: tudo o que gravou de Debussy, Ravel, Alban Berg, Schoenberg, Webern, Bartók, Prokofiev, Ligeti e Luigi Nono são registros absolutamente impecáveis. Intérprete notável da obra de Gustav Mahler deixou gravações memoráveis de todas as Sinfonias com orquestras do nível da Filarmônica de Berlim, de Viena e Sinfônica de Chicago. Nos últimos anos gravou em DVD todas as Sinfonias de Mahler, com exceção da oitava (a frágil saúde o impediu), com a magnífica Orquestra do Festival de Lucerna, imagens que confirmam a grandeza de um dos maiores músicos dos nossos tempos.
Um vídeo inesquecível em HD. La mer de Claude Debussy realizado em 2009 com a Orquestra Filarmônica de Berlim
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