Oswaldo Loureiro, importante ator brasileiro, que faleceu ontem aos 85 anos de idade, foi Diretor Presidente do Teatro Guaíra entre 1991 e início de 1994. Em nenhum órgão de imprensa nacional, nem na imprensa local, este fato foi lembrado. Isto talvez prove que a vida cultural paranaense não é lá muito importante em termos nacionais. Mas, para nós, ignorar tal fato é negar um importante dado histórico, afinal de contas Loureiro trabalhou e morou aqui por mais de três anos.
Agonia e êxtase
O grande ator não era uma pessoa de trato fácil. Trabalhei intensamente com ele (eu era maestro da Orquestra Sinfônica do Paraná na época) e pude constatar, por diversas vezes, que lidar com ele não era nada simples. O então governador Roberto Requião o impingiu, bem ao seu estilo, contra toda a classe artística do Estado. Na época houve uma transformação da Fundação Teatro Guaíra em autarquia, o que diminuía substancialmente sua independência, e os desmandos que Loureiro praticava acabaram provocando o surgimento de um extenso documento assinado por toda a classe artística paranaense pedindo sua demissão. Até um abraço simbólico foi feito em torno do Teatro Guaíra, tudo pela demissão de Loureiro. O acusavam de ganhar um salário altíssimo, mordomias e outras coisas mais, mas Requião, bem no seu jeito autoritário, ignorou completamente a pressão e, como compensação, passou para o Teatro Guaíra uma verba enorme, de um montante que nunca antes ou depois (mesmo nas outras gestões de Requião) a entidade teve. Na gestão de Oswaldo Loureiro o Teatro Guaíra assumiu ares de uma verdadeira usina cultural: concertos e ballets com grandes solistas, muitas produções de óperas (Carmen, Aida, Barbeiro de Sevilha, Rigoletto, Viúva Alegre, Os sete pecados capitais, etc) e ballets (Petrushka, Don Quixote, Canções de Wesendonk, etc) e um projeto extremamente eficiente: “Teatro para o povo” que lotava o teatro todos os domingos com Ballets, Óperas, concertos, peças de teatro, etc. Além do enorme prestígio que Loureiro tinha com o governador o êxito de sua administração veio também pelo convite que fez ao diretor e coreógrafo belga Maurice Vaneau (1926-2007) para assumir a diretoria de arte do Teatro. Foi realmente um enorme prazer trabalhar com Vaneau, e sua gentileza, cultura e educação me encorajavam a passar por cima das dificuldades de relacionamento com Loureiro.
A derrocada de Loureiro
Foi só quando Requião deixou o cargo de governador para seu vice, Mário Pereira, em abril de 1994, para concorrer à vaga no senado, que Loureiro não teve mais o apoio que lhe garantisse sua permanência. Foi substituído por João Carlos Ribeiro, homem extremamente culto e inteligente, mas que faleceu alguns meses depois. O fim da gestão de Oswaldo Loureiro encerrou uma fase de ouro do Teatro Guaíra, e o que se viu nas duas infelizes gestões de Jaime Lerner no governo do Estado selou esta sensação. Se lidar com Loureiro não foi fácil, não é fácil ver a que se reduziu nossa vida cultural depois de sua gestão.
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