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Falando de Música

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Música clássica nos tempos de Covid 19

Nova conformação do Berliner Ensemble em tempos do Covid 19 (Foto: )

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Em tempos de Covid 19, todas as atividades, em todos os cantos do mundo, ficaram seriamente comprometidas. Em termos de música clássica, com os teatros e salas de concerto fechados, há uma intensa divulgação de concertos previamente gravados em streaming, muitas vezes de forma gratuita como no site da Philarmonie de Paris (https://live.philharmoniedeparis.fr/Concerts.html), da ópera da Baviera (https://www.staatsoper.de/) ou mesmo no site do Canal Arte francês/alemão (https://www.arte.tv/fr/arte-concert/). Mas mesmo nestes três sites há já uma considerável quantidade de concertos recém gravados sem público, com conjuntos musicais pequenos, e que têm se caracterizado por uma intensidade excepcional, como a recente gravação das Metamorfoses de Richard Strauss para 23 instrumentos de cordas, com uma equipe de notáveis, sem maestro. Eis o link : https://www.arte.tv/fr/videos/097996-002-A/renaud-capucon-friends-jouent-les-metamorphoses-de-strauss/ .

Mas a volta de concertos com público já vem sendo anunciada, com enorme cautela. Quem tomou a dianteira foi a Áustria, país não tão atingido pela pandemia. Na próxima semana começam a contecer concertos com público na Musikverein, sede da Filarmônica de Viena. Três datas já marcadas: 5 de junho, com regência de Daniel Barenboim (Mozart e Beethoven), 14 de junho com regência de Ricardo Muti Josef e Johann Strauss) e 19 de junho com regência de Franz Welser-Möst (Richard Strauss e Schubert). As restrições, no entanto, são muito severas: apenas 100 pessoas serão admitidas no teatro, que tem mais de 1.700 lugares. O público, usando máscaras, deverá ir diretamente aos seus assentos, o concerto não poderá durar mais do que 70 minutos, e não haverá intervalo. A orquestra deverá ser reduzida, não passando de 37 músicos, principalmente pelo distanciamento entre os instrumentos de sopro (pois soltam muita saliva).

As regras austríacas são bem específicas em termos de quantidade de público: 100 pessoas a partir do final de maio, 250 pessoas a partir de primeiro de julho e 1.000 pessoas a partir de primeiro de agosto. Estas regras poderão, no entanto, serem modificadas caso haja sinal de uma reinfecção, alerta o governo do país. Aproveitando esta permissão de 1.000 pessoas no público em agosto o Festival de Salzburg, que comemora seu centenário, deverá acontecer, numa versão infinitamente menor do que a anteriormente planejada. Todos os outros festivais de música clássica tradicionais da Europa estão definitivamente cancelados este ano: Bayreuth, Glyndebourne , Aix-en-Provence,  por exemplo, não acontecerão neste ano.

Enquanto a Áustria apresenta regras tão claras, os outros países europeus, para não dizer do mundo todo, não fixaram nenhum tipo de regras. Há uma previsão de tímido reinício de concertos no mês de setembro na Alemanha e na França, com severa limitação de quantidade de público. Logicamente que estes concertos, que serão drasticamente deficitários, só são possíveis em estruturas pagas com dinheiro público. Já se antevê uma situação dramática nas orquestras que possuem outros tipos de receita, especialmente as americanas. Tempos difíceis, enquanto não surgir um medicamento eficaz ou uma vacina.

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