Alguém ter orgulho de seu país é algo inerente ao ser humano. E não existem poucos motivos para eu me orgulhar de ser brasileiro. Quando escuto os Choros de câmera de Villa-Lobos, quando me lembro das enormes alegrias lendo os livros escritos por Guimarães Rosa, quando vejo os elogios da pensadora americana Susan Sontag a respeito de Machado de Assis, quando ouçoSchumann tocado por Nelson Freire, quando vejo o quadro “Abaporu” de Trasila do Amaral (que estranhamente está num museu de Buenos Aires, por absoluta incompetência de nossos governantes) não tenho como disfarçar o meu orgulho. Penso mesmo, com certa irritação, que o melhor da nossa produção artística é desprezado pelos países adiantados, que preferem nossa “literatura” de autoajuda em lugar de nossas obras primas literária e a nossa pior música comercial às infinitas qualidades de nossa MPB e de nossos excelentes compositores clássicos.
Se existem motivos de orgulho, sobram motivos de vergonha. Não que vergonha seja algo exclusivo dos brasileiros. Existem razões aos montes para qualquer povo sentir vergonha de si próprio. Se eu fosse americano, por exemplo, teria vergonha de meu país ter lançado duas bombas atômicas sobre civis inocentes numa guerra já praticamente terminada. Se fosse inglês teria vergonha do covarde bombardeio a Dresden em 1945 e do suporte que deu aos regimes racistas da África. Se eu fosse Francês teria muita vergonha do que meu país fez na Argélia quando este país tentou, e conseguiu tornar-se independente. Motivos para vergonha não faltam a muitos, mas nossa vergonha dói mais por ser nossa. É como a dor física que sentimos que é muito mais acentuada do que a dor sentida por outra pessoa. E minha vergonha centra-se em duas causas maiores: a corrupção de nossos políticos e a ilusão de que uma vitória em um esporte é sinônima de glória eterna.Alguém ter orgulho de seu país é algo inerente ao ser humano. E não existem poucos motivos para eu me orgulhar de ser brasileiro. Quando escuto os Choros de câmera de Villa-Lobos, quando me lembro das enormes alegrias lendo os livros escritos por Guimarães Rosa, quando vejo os elogios da pensadora americana Susan Sontag a respeito de Machado de Assis, quando ouço Schumann tocado por Nelson Freire, quando vejo o quadro “Abaporu” de Trasila do Amaral (que estranhamente está num museu de Buenos Aires, por absoluta incompetência de nossos governantes) não tenho como disfarçar o meu orgulho. Penso mesmo, com certa irritação, que o melhor da nossa produção artística é desprezado pelos países adiantados, que preferem nossa “literatura” de autoajuda em lugar de nossas obras primas literária e a nossa pior música comercial às infinitas qualidades de nossa MPB e de nossos excelentes compositores clássicos.
Nos últimos dias haja Villa-Lobos para compensar a utilização indevida do dinheiro público para gastos pessoais de nossos parlamentares. Os presidentes da Câmera dos Deputados e do Senado utilizaram aviões pagos pelo dinheiro público para assistir jogos de Futebol com familiares e amigos, ou ir a um casamento de um aliado político. Isto é apenas o que aconteceu nos últimos três dias. Isso, no entanto acontece todos os dias, em nível federal, estadual e municipal. Ao mesmo tempo em que pessoas morrem em corredores infectos de hospitais públicos nossos políticos nadam em mordomias e luxos. Isso me envergonha. Isso dói.
Sinto vergonha também pela máxima que diz que o Brasil é o “país do futebol”. Este fanatismo levou o país a ser presa fácil de uma organização altamente suspeita: a FIFA. Com a sede de dinheiro desta organização aliada à corrupção vigente minha indiferença pelo futebol está se tornando um sentimento próximo à raiva deste esporte. Nossa bandeira é muitas vezes hasteada pelo cidadão comum somente em dia de jogo. Haja Guimarães Rosa para esquecer-se disso.
Mas eis que houve algo que me fez ter esperança de ter mais um motivo de orgulho de ser brasileiro: o despertar de uma consciência da força que o povo pode ter. Depois da sonora vaia dirigida á nossa Presidente na abertura da Copa das Confederações mais de um milhão de pessoas saíram às ruas exigindo que as coisas mudem. Não só senti orgulho como me diverti bastante vendo o pânico da classe política. Assisti por exemplo na TV Câmera a votação feita às pressas da PEC 37. Aqueles políticos que votariam a favor desta “Pec da impunidade” postavam-se diante das câmeras e dos microfones como “sintonizados com as ruas” e votando sonoramente contra. Aquele medo dos políticos me deu alegria, e olhem só, me deu orgulho do meu povo. Mas quando vejo o que está se passando com o esfriamento dos movimentos de rua e com a volta da gastança dos parlamentares este orgulho, diferente do que sinto pelos Choros de Câmera de Villa-Lobos, fica um sentimento mais fraco. Quando vejo o povo clamando por educação, por saúde e pelo fim da corrupção, e vejo que o governo federal mantém 39 ministérios (por que não 40? Algo a ver com Ali-Babá?) a mistura de sentimentos é maior. Haja Villa-Lobos para continuar a se orgulhar por ser brasileiro.
PS: Este post foi acidentalmente apagado, e “repostado” no dia 11
Motivo de se orgulhar de ser brasileiro e esquecer da nossa tristeza nacional : O Choros 2 de Villa-Lobos com Toninho Carrasqueira e Paulo Sérigio Santos.
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