Hoje é exatamente o dia em que se comemora os 150 anos do nascimento do compositor alemão Richard Strauss. Fiz uma extensa pesquisa para escrever o artigo que foi publicado no Caderno G no último sábado. Aliás gostaria de agradecer à editoria do Caderno G por ter reservado um espaço considerável (três páginas) para a publicação do artigo que assinei. Para ler os artigos consulte neste link a primeira parte e neste link a segunda parte. Nesta pesquisa que fiz me deparei com a visita de Richard Strauss ao Brasil, nos anos de 1920 e 1923, e encontrei fontes confiáveis onde detalham com certa precisão os 19 programas que Richard Strauss regeu no Brasil. Fico surpreso, e ao mesmo tempo entristecido, ao constatar que o Rio de Janeiro, que no início da década de 20 tinha uma população de 1.200.000 habitantes e que hoje tem mais de 6.500.000, abrigava temporadas de concertos tão extensas, com um repertório tão interessante.
A primeira vez que Richard Strauss esteve no Rio de Janeiro foi em 1920, à frente de uma orquestra formada por experientes músicos europeus que executavam por alguns meses as óperas, os ballets e os concertos levados no Theatro Municipal daquela cidade. Naquela época o Theatro Municipal não possuia uma orquestra própria. Pelo repertório creio que deveriam ser músicos excelentes. Richard Strauss em 1920 era um dos mais conhecidos compositores e ao mesmo tempo um aclamado maestro. Na época tinha se afastado da direção da Ópera de Viena, mas mantinha um vínculo muito forte com a capital austríaca.
Nos seis programas regidos em 1920 me surpreendo por ver um número considerável de autores brasileiros, e ver que o grande compositor alemão executou obras de Debussy e de Stravinsky. Vale a pena citar uma carta que Strauss enviou ao grande escritor que era seu libretista favorito, Hugo Von Hoffmanstahl, contando as confusões e indisciplina do Theatro Municipal. Vale a pena citar que no dia 2 de outubro, um dia antes do último concerto que Richard Strauss regeu no Rio, ele assistiu, horrorizado, uma récita de sua ópera O Cavaleiro da Rosa.
Programas de 1920
14 de setembro – Beethoven – Sinfonia Nº 3
Richard Strauss – Don Juan
Richard Wagner – Abertura de “Os mestres cantores”
16 de setembro – Schubert- Sinfonia Inacabada
Weber – Abertura de “Oberon”
Debussy – Dois Noturnos: Nuages – Fetes
Richard Strauss – Morte e transfiguração
20 de setembro – Beethoven – Sinfonia N° 5
Richard Strauss – Till Eulenspiegel
Richard Wagner – Prelúdio do I ato de Lohengrin
Richard Wagner – Abertura da ópera Tannhäuser
23 de setembro – Beethoven – Abertura Leonore Nº 3
Alberto Nepomuceno – Prelúdio de “O Garatuja”
Beethoven – Excertos de “Ruínas de Atenas”
Richard Strauss- Don Juan
Dança dos sete véus da ópera Salomé
Morte e transfiguração
28 de setembro – Beethoven- Sinfonia Nº 5
Richard Strauss – Till Eulenspiegel
Dança dos sete véus da ópera Salomé
Richard Wagner – Abertura da ópera Tannhäuser
3 de outubro – Francisco Braga – Marabá
Henrique Oswald – Feullies d’autone
Richard Strauss – Don Juan
Till Eulenspiegel
Morte e transfiguração
A segunda temporada brasileira de Richard Strauss
Em 1923 Richard Strauss voltou ao Brasil como maestro da Orquestra Filarmônica de Viena. Esta orquestra, a melhor do mundo naquela época, já tinha vindo ao Brasil em 1922, tendo como regente Felix Weingartner. Foi um presente do governo austríaco pelo centenário da nossa independência. Em 1922 a Filarmônica de Viena e os solistas da Ópera de Viena executaram em São Paulo e no Rio de Janeiro o ciclo de quatro óperas de Wagner O Anel do Nibelungo. Em 1923 a orquestra retorna ao Brasil tendo Richard Strauss como maestro, executando 13 concertos. Muitas obras importantes foram executadas em primeira audição no Brasil: a Sinfonia Nº 1 de Mahler (creio que foi a primeira música de Mahler ouvida aqui), as Sinfonias Alpina e Doméstica, Assim falou Zarathustra, Vida de Herói e outras tantas obras de Richard Strauss.
Programas de 1923
14 de julho – Weber – Abertura da ópera Euryanthe
Beethoven – Sinfonia Nº 7
Richard Strauss – Burlesca para piano e orquestra (solista: Alfred Blumen)
Vida de herói
15 de julho – Berlioz – Abertura da ópera Benvenuto Cellini
Richard Strauss – Assim falou Zarathustra
Richard Wagner: Abertura da ópera “O navio Fantasma”
Idílio de Siegfried
Abertura da ópera Tannhaeuser
16 de julho – Beethoven – Sinfonia Nº 6
Richard Strauss – Don Juan
Richard Wagner – Marcha fúnebre da ópera “O crepúsculo dos deuses”
Prelúdio e Morte de amor da ópera “Tristão e Isolda”
17 de julho – Schumann – Abertura Manfredo
Mahler – Sinfonia Nº 1
Mendelssohn – Abertura “A gruta de Fingal”
Beethoven – Sinfonia N° 5
18 de julho – Mendelssohn- Abertura de “Sonho de uma noite de verão”
Beethoven – Abertura Leonore Nº 3
Richard Strauss – Till Eulenspiegel
Shillings – Prelúdio da ópera Ingwielde
Richard Wagner – Marcha fúnebre da ópera “O crepúsculo dos deuses”
Prelúdio da ópera “Os mestres cantores”
19 de julho – Smetana – Abertura da ópera “A noiva vendida”
Mignone – Dança e Minueto
Brahms – Sinfonia Nº 4
Richard Strauss – Assim falou Zarathustra
Richard Wagner – Prelúdio da ópera “Os mestres cantores”
20 de julho – Richard Strauss – Vida de herói
Stravinsky – Fogos de artifício
Richard Wagner – Idílio de Siegfried
Viagem de Siegfried pelo reno da ópera “O crepúsculo dos deuses”
Beethoven – Sinfonia Nº 5
21 de julho – Richard Strauss – Impressões da Itália
Chabrier – España
Richard Strauss – Till Eulenspiegel
Richard Wagner – Abertura Fausto
Prelúdio e Morte de amor da ópera “Tristão e Isolda”
Abertura da ópera Tannhäuser
22 de julho – Richard Strauss – Don Juan
Dança dos sete véus da ópera “Salomé”
Morte e Transfiguração
Richard Wagner – Abertura e bacanal da ópera Tannhaeuser
Abertura da ópera Rienzi
Prelúdio e Música da sexta-feira santa da ópera Parsifal
23 de julho – Liszt – Tasso
Richard Wagner – Abertura da ópera “O navio fantasma”
Abertura da ópera Rienzi
Prelúdio e Morte de amor da ópera “Tristão e Isolda”
Richard Strauss – Sinfonia Doméstica
24 de julho – Beethoven – Sinfonia Nº 4
Richard Strauss – Dança dos sete véus da ópera “Salomé”
Morte e Transfiguração
Richard Wagner – Abertura da ópera “O navio fantasma”
Prelúdio do I ato de Lohengrin
Abertura da ópera Rienzi
25 de julho – Korngold – Muito barulho por nada – Abertura
Beethoven – Concerto para piano e orquestra Nº 4 (solista: Alfred Blumen)
Richard Strauss – Don Quixote
Morte e Transfiguração
26 de julho – Weber – Abertura da opera “Der Freischuetz”
Beethoven – Concerto para piano e orquestra Nº 4 (solista: Alfred Blumen)
Richard Strauss – Don Quixote
Morte e Transfiguração
Richard Wagner – Marcha fúnebre da ópera “O crepúsculo dos deuses”
Prelúdio da ópera “Os mestres cantores”
Richard Strauss – Sinfonia Alpina
Dança dos sete véus da ópera “Salomé”
Till Eulenspiegel
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS