Tentando consertar 14 anos de procrastinação frente a problemas jurídicos advindos da nefasta ideia de preencher cargos de bailarinos e músicos dos corpos estáveis do Teatro Guaíra com cargos em comissão, afigura-se uma solução tremendamente injusta que passa pela execrável demissão de dezenas de artistas. Na realidade uma tripla injustiça. Primeira: um profissional com grande competência ser contratado com um cargo comissionado, o que dá impressão de que foi contratado por relações de amizade, não de competência, apesar de ter passado por um teste seletivo. Segunda: um profissional que há muitos anos exerce sua função com salário menor do que de seus pares estatutários e sem nenhuma garantia trabalhista, sem receber nada a mais por ocupar um cargo de chefia é, depois de anos de ameaça, finalmente demitido. Terceira: Para ser recontratado deve prestar uma prova na qual todos os anos de trabalho em seus respectivos grupos (orquestra e balé) não serão levados em conta. Competirá em pé de igualdade com qualquer candidato, da cidade, do Estado, do país e mesmo do exterior, e continuará, se for aprovado, a ganhar um salário menor do que seus colegas estatutários.
Se alguém disser que em qualquer lugar do mundo uma audição pública é assim mesmo, lanço a pergunta: em que lugar do mundo músicos e bailarinos são contratados por 14 anos de forma ilegal? A solução frente a tantas coisas grotescas deve atender a este tipo de peculiaridade advinda de uma solução improvisada e que se manteve a despeito de todas as advertências de que era ilegal. Pinço apenas um exemplo, entre muitos. Bettina Jucksch, renomada violinista curitibana, que se diplomou no Conservatório de Berna, na Suíça, ocupou o cargo de concertino da orquestra por 19 anos, em contratos provisórios e posteriormente nos malfadados cargos em comissão. Lembro que estes 19 anos não contarão numa eventual nova audição. Eu, conhecendo bem esta profissional, fico chocado com a sua situação, a falta completa de respeito a uma musicista brilhante, que enfrenta o opróbrio de ser por anos contratada através de um meio ilegal e, frente a esta corrupção incessante, através de um cargo que levanta suspeitas, ser demitida. Que ao menos os 19 anos de trabalho dela sejam pontuados numa prova.
A burrada, com 14 anos de adiamentos e improvisações, já foi feita. É necessária uma solução para conserta-la, não para piorá-la. Tenho certeza de que tanto o Secretário de Cultura do Estado quanto a Presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, sem pressa, mas com presteza, se assessorem de juristas, mas também de artistas para que se ajeite de vez esta vergonhosa situação, sem injustiças e sem humilhações. A única coisa positiva que vejo é que as contratações feitas através da Palco Paraná serão feitas segundo a CLT. Se não creio que cargos comissionados é a melhor maneira de se contratar músicos ou bailarinos acho um absurdo que artistas sejam estatutários “imexíveis”.
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