O CD "Alma brasileira" com obras de Radamés Gnattali| Foto:
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Lançado na primeira metade deste ano pelo selo sueco BIS o CD “Radamés Gnattali – Alma brasileira” recebeu críticas europeias muito elogiosas.Uma destas críticas, assinada por William Yeoman na sisuda revista inglesa Gramophone ,começa com uma espécie de puxão de orelhas nos músicos e no público: “A música do prolífico pianista, compositor e arranjador Radamés Gnattali (1906-1988) tem tal fluência e é tão atraente que é difícil acreditar que estas qualidades se voltaram contra o reconhecimento do músico como um artista sério durante sua vida e mesmo após sua morte”. Realmente, muita gente ligada à música clássica, torce o nariz quando ouvem falar o nome do compositor, principalmente, o que é estranho, aqui no Brasil. A “fluência” que o crítico inglês destaca, deu-se tanto no setor popular quanto no setor clássico, e muitas vezes Gnattali é comparado ao americano George Gershwin (1898-1937) por sua versatilidade nos dois estilos. No entanto o genial George Gershwin nunca explorou um setor da música clássica onde o brasileiro demonstrou toda sua genialidade: a Música de Câmera. Este CD além de obras belíssimas para solo de violão e de piano apresenta duas raridades camerísticas: a Segunda sonata para violão e piano e a Sonata para violoncelo e violão. A Sonata para violão e piano incluída no CD, de 1957, é a mesma obra que Gnattali batizou posteriormente de Divertimento para piano e quinteto de sopros, obra esplendorosamente gravada pela pianista Maria Teresa Madeira e o Quinteto Villa-Lobos. Mais um toque de gênio do grande compositor: nas duas roupagens a mesma obra apresenta uma sonoridade sensacional. É muito raro termos obras camerísticas com a participação de um violão, e o compositor colabora de forma acentuada no enriquecimento da literatura violonística ao compor também uma bela sonata para este instrumento junto a um violoncelo. Obra extremamente refinada, composta em 1969, apresenta em seu primeiro movimento uma das maiores inspirações do compositor. O que é mais estranho é que as poucas gravações que existem da obra foram sempre realizadas por instrumentistas de outra nacionalidade, nunca brasileiros, com destaque para o registro do violonista albanês Admir Doçi e do violoncelista suíço Mattia Zappa. Penso que esta nova gravação, com o violoncelista taiwanês Wen-Sinn Yang (violoncelo solo da Orquestra da Rádio Bávara) e o violonista alemão Franz Halász, é ainda superior, uma verdadeira referência. Realmente as interpretações são primorosas e, nas obras para piano solo de Gnattali, a pianista Débora Halász não fica nada a dever a Roberto Szidon, referência na obra pianística do autor. Radamés Gnattali realmente deve ser motivo de orgulho de todos nós e algo me diz que a origem deste bem-sucedido CD deve ter sido ideia da pianista Débora Halász, brasileira, discípula de Beatrz Balzi e Myrian Dauelsberg, e que reside há muitos anos na Alemanha. Seu marido, o excelente violonista Franz Halász, não só adotou o sobrenome de Débora, mas adotou também um amor muito grande à nossa música e ao nosso país. Dois detalhes que engrandecem ainda mais este lançamento: os textos do encarte muito bem escritos pelo violonista brasileiro Fabio Zanon e a bela imagem que aparece na capa do CD: uma linda fotografia de Parati feita pelo próprio violonista Franz Halász. Detalhes que fazem deste CD uma joia, uma gravação obrigatória para todos nós. Você consegue baixar este CD, com o livreto incluso, na iTunes store e no site http://www.prestoclassical.co.uk por U$ 10.