Muitos cantores brasileiros têm se destacado nos maiores teatros de ópera do mundo. Não é novidade o sucesso que o barítono paulista Paulo Szot tem feito no Metropolitan Opera de Nova York, ou o fato da cantora paraense Adriana Queiroz fazer parte do elenco estável da Ópera Estatal de Berlim. Este sucesso no repertório de ópera atinge todos os registros. Exemplo disso é o contra tenor brasileiro Rodrigo Ferreira que obteve um enorme sucesso ao cantar e registrar em DVD a ópera “Claude” do compositor contemporâneo francês Thierry Escaich. Na ópera não há dúvida mesmo: brasileiros estão presentes. Mas numa outra faceta do canto lírico, o Lied, ou a canção alemã, os brasileiros raramente se destacam. Explicando um pouco o que é o Lied alemão ele se caracteriza basicamente como obras para canto e piano, com textos de alta qualidade poética, numa produção musical que brilhou excepcionalmente nas obras de Schubert, Schumann, Brahms, Richard Strauss, Hugo Wolff, Alban Berg e tantos outros. Para se cantar bem o Lied alemão é necessário ter um domínio total do idioma germânico e ter uma voz flexível que vá de um intimismo intenso até grandes arrebatamentos.
Qual não foi a surpresa que tive quando tomei conhecimento da programação de Lied (não de ópera) da Ópera Estatal de Berlim e vejo uma brasileira em destaque. Vale a pena lembrar que a Ópera Estatal de Berlim é um dos teatros líricos mais importantes do mundo, e seu diretor musical é o fantástico Daniel Barenboim. Além das produções operísticas o Teatro tem uma programação de concertos de Lied durante todo o ano, e no próximo dia 4 de outubro haverá um Concerto todo com obras de Johannes Brahms. Serão executadas todas as Valsas de Amor (Liebesliederwalzer opus 52 e 65) que o compositor alemão destinou a um quarteto de solistas com acompanhamento de piano a quatro mãos. Algo que originalmente poderia ter se concebido como Hausmusik (literalmente em português música caseira) mas que se tornou uma sublime e profunda composição vocal. Voltando à minha surpresa neste concerto a cantora catarinense (nasceu em Blumenau) Cristiane Roncaglio, que é soprano, atuará junto aos mais destacados cantores alemães da nova geração: Katharina Kammerloher, meio soprano, Florian Hoffmann, tenor e Roman Trekel, barítono. Cristiane Roncaglio, que foi aluna de Neide Thomas e estudou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, tem se apresentado como cantora de Lied não só na Alemanha, mas também em outros países como a Rússia e a Noruega. O repertório que ela normalmente canta vai desde Schubert, passando por Schumann chegando até a Alban Berg. Apesar de estar bem à vontade no Lied Cristiane canta muita ópera também. Recentemente obteve bastante êxito em récitas de “La finta giardiniera” de Mozart. Cristiane Roncaglio gravou em 2013 um CD para o selo europeu Capriccio com canções brasileiras tanto clássicas como populares (veja aqui a resenha que eu fiz). Não há dúvida que é um típico caso de artistas daqui que são muito mais conhecidos lá fora. Talvez bom para ela, mas muito ruim para nós. A cantora possui um site na internet: www.cristianeroncaglio.com.
Cristiane Roncaglio cantando obras barrocas
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