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O Peru é um país de onde saíram grandes cantores líricos tais como Luigi Alva, o grande tenor rossiniano, e Juan Diego Flórez, outro grande tenor especializado em bel canto. Mas também no Peru nasceu uma das mais fantásticas vozes que se tem notícia: Yma Sumac. Nascida no interior do Peru, nas montanhas de Ichocan em 1922, e com o exótico longo nome de Zoila Augusta Emperatriz Chavarri Del Castillo, ela adotou o nome artístico de Yma Sumac, e afirmava ser (algo nunca provado) descendente do último imperador inca, Atahualpa. O que sempre mais chamou a atenção na voz de Yma Sumac foi a notável extensão de sua voz, que ia de notas de soprano coloratura (por exemplo o papel da “Rainha da noite” em  “A flauta mágica” de Mozart) até notas típicas de barítono (o papel de “Papageno” na mesma ópera). Num pentagrama a extensão de Yma Sumac, sem efeitos de estúdio, era a seguinte:

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O marketing de Yma Sumac foi sempre de cantar músicas que invocariam deuses Incas, o que fez com que ela cantasse muito pouco de música clássica. O que mais marcou a sua vida profissional foi seu casamento com o compositor e maestro também peruano Moises Vivanco (1918-1988) que compôs dezenas de canções explorando a extensão excepcional da cantora, misturando ritmos latinos com pretensas músicas sacerdotais dos incas. Depois de uma tentativa na Argentina o sucesso veio quando o casal se mudou para os Estados Unidos em 1952. Em Nova York foi contratada pelo selo Capitol, e cantou nas casas de show mais importantes da cidade. No cinema seu maior sucesso foi “O Segredo dos Incas” (1954), filme que a lançou internacionalmente (e que pode ser visto no Netflix).

Bem diferente da bizarra Florence Foster Jenkins, Yma Sumac era afinadíssima, com uma técnica vocal impecável. No registro superagudo era de uma resistência impressionante. Enquanto em uma ária como “Der Hölle Rache” da Flauta mágica de Mozart a cantora deve cantar apenas quatro notas fá superagudos, em canções do álbum “Legend Of The Sun Virgin” (Zana por exemplo), do início da década de 1950, ela canta esta nota dezenas e repetidas vezes, com intercalações com notas absurdamente graves. Incrível.

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Sim, podemos lamentar que um fenômeno vocal como este não esteve a serviço de Mozart, Delibes, Offenbach ou Richard Strauss, compositores que exploraram com grande arte registros excepcionalmente agudos de sopranos, mas o fenômeno Yma Sumac está registrado, mesmo num universo musical um tanto bizarro e caricato, e ele é impressionante. Na Internet começam a aparecer shows da cantora, inclusive um feito na União Soviética (ela ficou 6 meses fazendo apresentações naquele país na década de 1960) no qual ela usa um guarda roupa que combina perfeitamente com as músicas “kitch” que seu esposo compôs para ela. Por sua extensão inigualável podemos mesmo dizer que nunca houve e dificilmente haverá outra Yma Sumac. Sua última apresentação foi em 1988 e ela faleceu em Los Angeles 20 anos depois, em novembro de 2008. Para quem gosta de vozes especiais Yma Sumac permanece até hoje como um item absolutamente indispensável.

Vídeos e áudios:

Zana do álbum “A lenda da virgem dourada”. Começa com notas de contralto grave e passa a estratosfèricas notas de soprano coloratura

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Show completo feito na União Soviética na década de 1960