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Hoje, dia oito de novembro, ocorrem as eleições de meio de mandato nos EUA. Nossos leitores sabem disso e aqui nesta coluna vamos olhar para os possíveis cenários para os resultados eleitorais, especialmente em relação ao Congresso dos EUA, o legislativo federal. Também despontam alguns elementos relacionados ao próximo pleito presidencial do país. No momento, tudo indica que Joe Biden vai repetir a sina dos presidentes dos EUA
O último presidente dos EUA que passou um mandato inteiro contando com o domínio de seu partido no Congresso foi o democrata Jimmy Carter, presidente de 1977 a janeiro de 1981. Nos dois biênios de seu mandato, os democratas tiveram a maioria tanto no Senado quanto na Câmara. Não adiantou muito, já que Carter, na busca pela reeleição, teve que disputar as primárias de seu partido e, nas eleições, sofreu uma das maiores derrotas da História do país, contra o republicano Ronald Reagan.
Do início do governo Reagan até hoje foram 21 biênios. Em apenas seis deles o partido do presidente controlou ambas as casas do Congresso. Uma vez com Bill Clinton, duas vezes com George W. Bush, em mandatos diferentes, e nos primeiros biênios de Obama, Trump e Biden. O caso dos republicanos terem conseguido manter a maioria com Bush se deve especificamente à Guerra ao Terror e a ideia de que ela precisava de amplo apoio legislativo, liberando verbas para as guerras no Afeganistão e no Iraque.
Dos últimos cinco presidentes dos EUA, quatro começaram seu mandato com maioria em ambas as casas e perderam ao menos uma delas depois do primeiro biênio. Clinton, inclusive, governou por seis anos com minorias em ambas as casas. Essa “sina” dos presidentes dos EUA parece que vai se manter com Joe Biden, já que tudo indica que, se os democratas hoje possuem a maioria nas duas casas, perderão ao menos uma delas.
Câmara
Na Câmara, que é renovada integralmente, estão em jogo os 435 assentos. Desses, 220 estão com os democratas, 212 estão com os republicanos e três estão vagos. Dos assentos vagos, dois estavam ocupados por democratas. Um por Charlie Crist, que renunciou para se candidatar ao governo da Flórida, e outro por Ted Deutch, que renunciou para assumir outra função. O terceiro assento estava ocupado pela republicana Jackie Walorski, que faleceu em um acidente de automóvel.
Hoje, as principais plataformas que fornecem um agregado das pesquisas eleitorais apontam uma margem de 225 a 230 cadeiras para os republicanos. Isso é explicado pelo desgaste natural do partido no poder executivo, refletido na “sina” recente dos presidentes. No caso de Biden, entretanto, o desgaste vai além do que seria esperado. Algumas pesquisas colocam a reprovação de seu governo na casa dos 60%.
O principal motivo para isso é a inflação galopante no país, que atinge marcas históricas. A economia dos EUA está na beira de uma recessão. Claro que essa não é a única explicação, com uma miríade de outros fatores influentes, desde a dinâmica de cada distrito até a guerra na Ucrânia, como já mencionado aqui em nosso espaço, passando por temas como o aborto de gestação.
Senado
Já no Senado, a situação está mais apertada. Pelas mesmas pesquisas, hoje, a tendência é a manutenção do empate, que favorece os democratas, já que o “voto de minerva” é exercido pela presidência da casa, cumulativa com a vice-presidência do Executivo. Hoje, a democrata Kamala Harris. Dos 35 assentos que serão disputados, catorze são atualmente ocupados por democratas e vinte e um são atualmente ocupados por republicanos.
A Pensilvânia será uma disputa chave para o controle da casa. Caso os republicanos consigam 51 assentos, aí sim o alerta deverá soar na Casa Branca, já que Joe Biden terá dois anos muito difíceis pela frente. Algumas pautas sonhadas por parte dos republicanos, como algumas investigações criminais, entretanto, devem ficar apenas no sonho, já que, por exemplo, um impeachment do presidente requer dois terços da casa.
Se Biden precisa se preocupar, nem tudo é má notícia para seu partido. Os democratas possivelmente vão sair da eleição governando mais estados do que entraram. Dos cinquenta estados dos EUA, 28 são governados por republicanos e 22 por democratas. Desses cinquenta, 36 elegerão novos governadores, vinte republicanos e dezesseis democratas. Na maioria dos casos, o partido no poder deve continuar.
Governos estaduais
Algumas dessas disputas, como Arizona, Nevada e Wisconsin, estão bastante apertadas segundo as pesquisas. Dois estados governados por republicanos, Maryland e Massachusetts, possuem candidatos democratas liderando as pesquisas. Claro, isso é apenas um indicativo e é necessário aguardar o resultado final. No total, são seis eleições em estados governados por republicanos e em que Biden venceu na corrida presidencial em 2020.
Um aspecto importante das eleições estaduais é a possível fonte de sinais para a próxima corrida presidencial, principalmente na atual oposição federal. Os olhos republicanos estarão voltados para a Flórida, onde o governador Ron DeSantis provavelmente será reeleito. Ele ganha força como potencial candidato em 2024, um nome que conseguiria unir tanto republicanos tradicionais quanto republicanos “trumpistas”. Nesse sentido, o próprio Donald Trump afirmou que fará um pronunciamento no próximo dia 15 de novembro, provavelmente anunciando sua candidatura.
Se ao final da contagem eleitoral os democratas ainda tiverem o Senado e conseguirem administrar a derrota na Câmara, Biden não deverá ir dormir tão triste. Ainda mais se seu partido conseguir virar um ou outro governo estadual. Por outro lado, se os democratas perderem ambas as casas do Congresso, a situação ficará complicada para o presidente e sua “governabilidade”. A vida da vidraça não é fácil quanto parece.
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