Desde cedo, o bullying é parte de nossa vida. Comecemos com a definição: bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês bully, palavra que significa tirano, brigão ou valentão, na tradução para o português.
Alguns sofrem abuso ainda dentro de casa. Irmãos mais velhos, mães estressadas e pais ausentes.
Aquela criança com olhos brilhantes e um entusiasmo aparentemente infinito, pouco a pouco, vai criando uma casca grossa que a afasta do mundo e a leva para um lugar aparentemente mais seguro, mas também mais opaco, cinzento e distante de todos.
Ao entrar na escola pela primeira vez, essa criança pode não encontrar “amiguinhos” violentos, mas um professor desmotivado, desgastado e estressado. A pressão e os tons de voz ameaçadores poderão fazer parte de seu dia a dia, durante as mais de 5 horas diárias que ficará sob custódia da escola. Não tem como fugir.
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Ainda que encontre um bom profissional pelo caminho – existem muitos –, será submetida a horas de aulas intermináveis, conteúdos inúteis, trabalhos de casa redundantes e provas que só servem para transformá-la em uma derrotada do sistema, um repetente, um aluno à margem das curvas de aproveitamento. Para muitos, essa pressão diária funciona perfeitamente dentro da definição de bullying.
No recreio, alunos de séries mais avançadas dominam o pedaço, estabelecem regras e muitas vezes abusam dos mais novos. Abusos sexuais também podem eventualmente acontecer. Cada vez que toca a sirene na escola, o medo de encontrar alguns dos valentões no banheiro, na saída ou em corredores sem supervisão, a caminho da sala de aula, faz o coração acelerar, a boca secar e quase sempre a lamentação pela certeza de que amanhã vai acontecer tudo de novo estará presente.
Se combinarmos os fatos, há casos de crianças não só abandonadas pelos pais, sem afeto e autoestima, como também rejeitadas pelos amigos. Aliás, sentir-se rejeitado e ridicularizado pelo grupo é um dos piores pesadelos de um adolescente. Ser diferente, ter nariz grande, muitas espinhas ou simplesmente não parecer tão confiante quanto alguns mais descolados são motivos para isso. Ás vezes, a autoimagem deturpada faz com que o adolescente sinta-se ainda mais feio, mais gordo, mais magro ou simplesmente fora de contexto, resultado de uma visão equivocada de sua própria realidade. Tudo isso produz uma tempestade de inseguranças e uma crise de autoaceitação.
Todos os anos, cerca de 1 milhão de adolescentes cometem suicídio em todo o mundo e esse número não para de aumentar. No Brasil, estima-se que 1 em cada 5 adolescentes cometem a automutilação. São adolescentes que cortam várias partes de seu corpo como forma de aliviar uma dor que aperta lá dentro, mas que dá lugar a uma dor física que, desta vez, eles conseguem controlar.
Os transtornos emocionais não privilegiam raça, idade, sexo ou o tamanho da conta bancária dos pais. Por isso, o recado é simples:
1. Pais, aproximem-se de seus filhos. Elogiem mais, ressaltem mais o que eles têm de bom, critiquem menos e ouçam mais. Se ele ou ela não fala, fique simplesmente ao seu lado. Uma hora vai falar. E se falar, por pior que seja, esteja ao seu lado. Aceitação é tudo de que eles precisam.
2. Filhos não levem esse mundo muito a sério. Toda pressão desse sistema de ensino ultrapassado deve ser encarada como um período do qual, logo logo, vocês ficarão livres. Estudem porque vocês querem e têm interesse em aprender. Não vale a pena morrer ou se matar por nada disso. Muitos dos valentões, quando crescerem, poderão se tornar seus amigos ou até seus empregados. Evite-os ou simplesmente os denuncie. Diante dos pais, na frente dos inspetores, eles afinam e saem de fininho. Essa história de ser gatinho(a), daqui a pouco, vocês vão perceber que não tem tanta importância assim. As meninas gostam mais dos que têm mais atitude, coragem e autenticidade.
Se a escola lhes trata mal, saiam dessa escola. Vão para outra. “Ah, mas essa escola é a melhor”. No futuro não fará a menor diferença. Nada é mais importante do que você se sentir bem e feliz onde está. Eu estudei grande parte do tempo em escolas públicas e abandonei minha faculdade. Nada disso me tornou inferior a ninguém!
Seu valor não está no que as pessoas pensam sobre você, não está em elas te aceitarem e tampouco acharem que seu cabelo, nariz, orelha ou qualquer outra característica física não seja do agrado delas. Acredite: daqui a alguns anos você vai perceber que isso não terá a menor importância para você.
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Seu pai ou mãe estão muito estressados e não te dão atenção ou não te tratam bem? Eles comparam você com sua irmã? Eles dizem que você é um caso perdido? Que não presta? Isso dói, não é? Eles estão errados e estão precisando de ajuda. Eles precisam de você. O tempo é seu aliado e sua ajuda pode tirá-los do problema em que vivem.
Mas também não adianta se fazer de coitado. O bullying e as pressões desse mundo maluco não vão parar. Você, no fundo, é a esperança para o futuro da humanidade. Esse mundo é seu e está pronto para você conquistá-lo.
Preste atenção: os famosinhos na escola, os populares e até os que tiram as maiores notas NEM SEMPRE SERÃO os mais bem sucedidos na vida.
Eu, por exemplo, fui expulso duas vezes da escola. Você não é um caso perdido. Você é só um jovem, como muitos, que ainda não achou seu espaço no mundo. A boa notícia é que o PROBLEMA não está em você. O problema está no mundo.
Lutar e se revoltar não adianta. Acredite nisso ou aprenda da forma mais dolorosa e demorada. Melhor acreditar no que digo. Vai doer menos.
Eu gosto muito desses desajustados como você. Esses são os que têm mais chances de não seguirem a boiada no futuro e hackearem a vida, criando seu próprio caminho ao redescobrirem seu valor.
Nenhum bullying pode mudar quem você é. Você é especial. Se você não entrar na pilha insana desse sistema, esse mundo ainda vai te aplaudir muito por isso. Vai te aplaudir de pé!
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