“No one should imagine that any of this is helping the black community. The surge in murder rates across the country, in the wake of the anarchy unleashed after the Ferguson, Mo., and Baltimore riots, has taken a wholly disproportionate number of black lives. But, to the race hustlers, black lives don’t really matter nearly as much as their chance to get publicity, power, money, votes, or whatever else serves their own interests”
– Thomas Sowell, “The Demagogues’ War on Cops” (National Review, July 2016)
Um símbolo é um elemento representativo visível que, por analogia e síntese, substituiu alguma outra coisa – quer seja um objeto, uma ideia, um conceito ou uma qualidade. Por convencional e socialmente constituído, o significado de um símbolo (o simbolizado) transcende sempre, e necessariamente, as suas características formais intrínsecas (o simbolizante).
Em política, os símbolos costumam ser usados para amplificar o significado de um determinado acontecimento, conferindo-lhe uma interpretação particular que, por si só, ele não suscitaria de imediato. Por sua notável capacidade de compactar sentimentos e juízos dispersos, o símbolo político permite, a quem o saiba manipular, comover massas de pessoas para que ajam de acordo com os fins esperados pelo manipulador.
Testemunhamos atualmente um exemplo claro desse mecanismo, quando a morte do negro George Floyd virou um poderoso símbolo políticos nas mãos dos militantes e apoiadores do Black Lives Matter (BLM) – grupo extremista e racista, que prega o ódio indiscriminado contra os brancos, mas que, curiosamente, é descrito como “antirracista” na novilíngua do jornalismo brasileiro. Para os adeptos da ideologia BLM – categoria que hoje inclui quase todo o Partido Democrata, a imprensa escrita e televisiva (com a provável exceção da Fox News), o grosso da academia e da classe artística –, a morte de Floyd, como é da natureza mesma dos símbolos, não é apenas a morte de Floyd.
O fato concreto todos conhecemos: o homicídio de um homem negro de Minneapolis por um policial branco que, empregando força excessiva, asfixiou até a morte a vítima já imobilizada. A partir dessa ocorrência particular, no entanto, o que fizeram militantes e ideólogos do Black Lives Matter foi ampliá-la e generalizá-la.
Misturando aquele com outros casos, similares apenas em aparência, o BLM fez da morte de Floyd um símbolo do racismo (pretensamente) institucional e sistêmico da sociedade americana, fenômeno que teria se mantido inabalável desde os tempos da escravidão, passando pelas leis Jim Crow, até os dias de hoje. O propósito dessa narrativa (cada vez mais estridente desde que Donald Trump chegou à Casa Branca) é fazer com que, comovidas pelo símbolo, e com o raciocínio embotado pela propaganda maciça, as pessoas passem a, automaticamente, interpretar a priori qualquer investida de policiais brancos contra homens negros como manifestação inequívoca desse racismo sistêmico.
Ocorre que, embora fortes, e causa de indignação para qualquer pessoa com um mínimo de empatia, cenas como as da morte de Floyd são excepcionais na América contemporânea. Posto que a grande imprensa queira nos convencer de que a história americana congelou, e de que o país vive ainda como no Mississipi da década de 1930, os dados insistem em desfazer essa mistificação. Se, no passado, havia regiões inteiras nas quais os brancos representavam, sim, uma ameaça à integridade física e psicológica dos negros, essa não é mais a realidade nos dias de hoje.
Para chegar a essa conclusão, basta consultar, por exemplo, o último relatório do Bureau of Justice Statistics, com estatísticas referentes aos crimes violentos ocorridos nos EUA no ano de 2018. Segundo os dados, em 2018 houve 593.598 interações violentas (excluídos os homicídios) entre negros e brancos. Desse total, 537.204 (ou 90%) foram cometidas por negros contra brancos, e apenas 56.394 (ou 10%) por brancos contra negros. Em que pese toda a propaganda ideológica esquerdista, segundo a qual o governo Trump seria responsável por estimular a violência de brancos contra negros, foi a tendência inversa que se acentuou nos últimos anos. Em 2012-2013, por exemplo, os negros eram responsáveis por “apenas” 85% dos casos de violência interracial.
No que diz respeito especificamente à violência policial – o principal espantalho do movimento BLM para vender a tese do racismo sistêmico –, 1.004 indivíduos foram mortos por policiais em 2019. Apenas 158 eram negros. Desses, só dez não portavam armas no momento da abordagem policial. Desses dez, só quatro não atacaram a polícia ao serem abordados. E mesmo se, todavia, considerássemos plenamente inofensivos todos esses indivíduos desarmados (e, portanto, criminosas todas essas ações da polícia), a porcentagem de homens negros desarmados mortos pela polícia seria de 0,0005% do total de homens negros, o que está longe de sinalizar um racismo sistêmico e institucional por parte dos agentes da lei.
O fato é que as recentes campanhas esquerdistas contra as forças policiais – que ora buscam reduzir o orçamento da segurança pública – já têm resultado numa preocupante reversão de uma trajetória constante de mais de duas décadas de redução dos índices de criminalidade no país. De 2015 para cá, os crimes têm voltado a subir, sobretudo em cidades grandes como St. Louis, Detroit, Baltimore, Oakland, Chicago, Memphis, Atlanta, Birmingham, Newark, Buffalo e Philadelphia – que, em comum, carregam o fardo de serem governadas por radicais do partido Democrata.
Lamentavelmente, os negros são as maiores vítimas do fenômeno e, portanto, da guerra esquerdista contra a polícia. Segundo dados do FBI, 2.925 negros foram assassinados nos EUA em 2018. Desse total, 2.600 (ou 89%) foram mortos, não pela polícia, nem tampouco por cidadãos brancos, mas por outros negros. Portanto, em termos factuais, é mínimo o risco de um negro americano morrer por ação policial abusiva.
É claro que nada disso exime de culpa os policiais que, eventualmente, cometam abuso de autoridade contra negros – como é o caso dos responsáveis pela morte de George Floyd. Um agente da lei que, traindo sua missão precípua, comete um crime de tal gravidade deve, evidentemente, ser punido com todo o rigor. Mas a mistificação racialista promovida pelo BLM e simpatizantes é, além de intrinsecamente desonesta, socialmente destrutiva.
Como mostra pesquisa recente da Rasmussen Reports, 64% dos americanos temem que a intensificação da campanha anti-polícia conduzida por adeptos da ideologia BLM possa resultar na diminuição no número de agentes da lei e, consequentemente, no enfraquecimento da segurança pública em seus bairros. Mas o dado mais significativo é o seguinte: quando se adota o recorte por “raça/etnia”, descobrimos que os negros são quem mais manifestam essa preocupação. Entre eles, a porcentagem dos que temem o enfraquecimento da segurança pública como consequência das campanhas anti-polícia chega a 67%.
O fato é que, a despeito da máquina de propaganda montada pela esquerda radical (da qual a ideologia BLM é apenas um dos avatares), grande parte dos negros dos EUA, também inclusos naquela “maioria silenciosa” da qual tanto tem falado o presidente Donald Trump, parece estar ciente das consequências potencialmente desastrosas da guerra contra a polícia promovida pelos niilistas irresponsáveis da extrema-esquerda americana.
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