“Most blacks and most whites in the United States today get along with each other. But what is chilling is how often in history racial or ethnic groups that co-existed peacefully for generations – often as neighbours – have suddenly turned on each other with lethal violence… All it took were clever demagogues and gullible followers. We already have both” (Thomas Sowell)
Nos EUA, as consequências nefastas da ideologia Black Lives Matter começam a se fazer sentir de maneira dramática. No livro White Girl Bleed a Lot: The Return of Race Riots to America and How the Media Ignore It, o escritor Colin Flaherty elenca e analisa a ocorrência de centenas de ataques perpetrados por turbas de jovens negros contra pessoas brancas ou asiáticas em várias cidades norte-americanas ao longo dos últimos anos, um fenômeno que volta a ocorrer agora, depois da morte de George Floyd.
Contrastando vídeos enviados ao YouTube e depoimentos de vítimas com a cobertura jornalística e o discurso oficial das autoridades, Flaherty denuncia a ocultação deliberada do componente racial por parte da mídia e do poder público. Numa sociedade tão marcadamente racializada, na qual se fala o tempo todo em história negra, música negra, arte negra, literatura negra etc., parece que a única entidade interditada pelos meios de comunicação é o crime racial cometido por negros contra representantes de outras etnias. Eis o grande tabu no debate público contemporâneo.
Como sugeriu o genial Thomas Sowell a respeito do conteúdo reunido por Flaherty: “Não seria politicamente correto ou politicamente conveniente” noticiar aquela espécie de ódio racial. Com efeito, a imprensa politicamente correta continua ignorando crimes raciais reais cometidos por negros contra não-negros e, como vimos em artigos anteriores, inventando crimes raciais fictícios pretensamente cometidos por não-negros contra negros.
O título do livro de Flaherty – “A garota branca sangra muito” – refere-se ao comentário de uma jovem negra instantes após agredir uma menina branca no rosto, em Milwaukee, num ataque gratuito promovido por cerca de 100 jovens negros contra adolescentes brancos que faziam um piquenique durante o feriado de 4 de julho de 2011. O padrão violento repetia-se em vários lugares: Filadélfia, Chicago, Nova Iorque, Miami, Las Vegas… Ali, grupos de jovens e adolescentes negros reuniam-se para espancar, roubar, esfaquear, estuprar pessoas inocentes, de maneira aleatória, apenas por não serem negras.
Em 2010, no Skidmore College, em Nova Iorque, quatro estudantes negros berraram insultos raciais enquanto espancavam um homem branco que jantava com um amigo negro. Num período de quatro meses no ano de 2009, em Denver, uma gangue de jovens negros cometeu vários ataques contra homens brancos e latinos, que eram gratuitamente agredidos na cabeça, ofendidos e roubados. Em São Francisco, cinco negros espancaram até a morte um idoso chinês de 83 anos, depois ainda empurraram uma mulher de uma plataforma de trem. Em Des Moines (Iowa), durante a Feira Estadual de 2010, pessoas brancas foram covardemente agredidas, naquilo que, segundo registros policiais, os agressores chamaram jocosamente de “Beat Whitey Night” – “a noite de espancar os branquelos”.
De novo em Milwaukee, depois que dezenas de jovens negros tentaram arrombar a porta do seu carro, uma vítima relatou a um jornal local: “Atacavam sem motivo. Foi 100% racial. Havia um carro ao lado com um casal negro, que nada sofreu. Os agressores olhavam pelo para-brisa para ver quem era branco e quem era negro. Posso garantir”.
Um caso particularmente revelador da lógica perversa do neorracismo americano ocorreu numa escola de ensino médio da Filadélfia. Depois de anos de leniência da direção, os recorrentes insultos racistas, agressões e humilhações diárias cometidas por alunos negros contra asiáticos acabaram resultando em coisa pior. No final de 2009, os agressores verbais partiram para a violência física, e 30 alunos asiáticos foram espancados, muitos deles indo parar no hospital.
Tendo chegado ao seu limite, a comunidade discente asiática revoltou-se e decidiu organizar uma greve. A coisa chegou aos jornais locais. Funcionários da escola negaram o componente racial das agressões e, sub-repticiamente, culparam as vítimas. A superintendente das escolas locais, Sra. Arlene Ackerman (ela própria negra), chegou a sugerir, sem quaisquer evidências, que os ataques talvez fossem uma resposta a agressões anteriores de asiáticos contra negros, e que, portanto, “não seria justo responsabilizar apenas uma raça”. Além disso, segundo ela, não seria justo “criminalizar” dessa maneira pessoas tão jovens.
Os estudantes asiáticos reportaram que funcionários da escola faziam vista grossa e, por vezes, chegavam até a participar do assédio moral que precedia a violência. A diretora LaGreta Brown foi citada por atitudes discriminatórias, em particular por se referir às pretensões jurídicas dos asiáticos como “A Agenda Asiática”. Os alunos contaram que os seguranças da escola nunca fizeram nada para impedir as agressões, e que alguns ainda faziam troça da dificuldade dos asiáticos recém-chegados em aprender o idioma: “Ei, China! Dragon Ball! Você é o Bruce Lee? Aprenda a falar inglês”.
Diante do caso, a direção da escola resolveu abrir uma investigação por conta própria. Para conduzir o processo, foi contratado o juiz federal aposentado James Giles, o qual afirmou que limitaria a investigação a um período de não mais que dois dias antes do ataque, pois, se retrocedesse mais – esse foi o argumento –, isso poderia gerar problemas e conflitos no presente. Nada mais disse e nada mais lhe foi perguntado.
Os advogados dos estudantes asiáticos questionaram a acuidade e legitimidade do relatório final. Segundo eles, o escopo do documento era “estranhamente limitado”, ignorando um longo histórico de violência racial de negros contra asiáticos dentro da escola. O Departamento de Justiça, enfim, entrou no caso, dando razão às alegações dos advogados dos alunos asiáticos, e concluindo que, de fato, a escola vinha se omitindo quanto ao problema.
Mas o pior veio depois. Já não podendo negar a gravidade do caso, a escola teve uma brilhante ideia, que revela bem a que níveis de abjeção moral pode conduzir o neorracismo contemporâneo. Para solucionar o problema da violência racial de alunos negros contra asiáticos, a direção achou por bem distribuir panfletos (pasmem!) aos estudantes asiáticos, instruindo-os a como evitar antagonizar seus colegas negros com utilização de vocabulário racista. O título do panfleto? “Staying Safe” (“Mantendo-se Seguros”). Informa uma reportagem sobre o evento:
“Os líderes [comunitários] distribuíram uma lista de insultos racistas e disseram aos estudantes: é errado! E vocês precisam saber que insultos raciais podem evoluir rápida e violentamente. Imigrantes podem ser muito limitados no inglês para reconhecer uma linguagem racista - e o perigo que ela pode representar”.
Em suma: quem mandou não saber inglês e irritar os pobres alunos afro-americanos, que, diante de tal crueldade, não tiveram outra alternativa que não a de espancar covardemente os asiáticos racistas? A inversão entre vítimas e agressores é aí demasiado evidente para que fosse preciso insistir nela. Menos, é claro, para um intelectual progressista. E nessas horas sempre aparece um.
O sociólogo Elijah Anderson, de Yale, foi convidado para analisar o episódio. “A escola talvez seja concebida como uma espécie de feudo negro por alguns estudantes afro-americanos”, disse o “especialista” em convivência urbana. “Os intrusos – no caso, os asiáticos – podem ser intimados a responder por qualquer mau passo dado nessa situação. Você tem aí o preconceito racial se desenvolvendo como um senso de posição grupal, um apelo ao direito de propriedade sobre áreas do feudo”.
Anderson, que costuma usar filadelfianos em suas pesquisas, acredita que as tensões escolares dizem respeito a questões de dominação. “É uma coisa humana”, continua. “Podem ser os asiáticos os excluídos. Podem ser os negros. Podem ser brancos, italianos, judeus ou o que for, compreende? Isso não se restringe a asiáticos e negros”.
Uma tese muito interessante. Só faltou o sociólogo nos brindar com notícias sobre turbas de asiáticos, judeus ou italianos espancando negros nas escolas norte-americanas nos últimos anos. Caso tivesse acontecido, teria virado um escândalo midiático internacional.
Qualquer mentalidade sadia, não intoxicada pela lógica de justiçamento do neorracismo, seria capaz de enxergar a aberração ética cometida contra os asiáticos naquele caso. Um blogueiro negro da Filadélfia disse-o muito bem: “É chegada a hora em que nós, afro-americanos, não podemos mais fazer ouvidos de mercador diante desse tipo de história, negando-a ou silenciando sobre ela. Todos sabemos que Al & Jesse [Al Sharpton e Jesse Jackson] sairiam por aí feito loucos se estudantes asiáticos, brancos ou de qualquer outra cor estivessem atacando afro-americanos e gritando epítetos raciais. No entanto, o silêncio deles é ensurdecedor quando se trata de um caso como esse, e isso é injustificável. Não há desculpa, e esses jovens estão sendo mal encaminhados graças à nossa falha coletiva em condenar esse tipo de comportamento”.
O blogueiro tocou no ponto central: o racialismo politicamente correto é, sem dúvida, uma das principais causas para o comportamento agressivo, irresponsável e autoindulgente de muitos jovens e adolescentes negros nos EUA de hoje.
Evidentemente, essa causa nunca é cogitada na grande imprensa, pois os luminares do politicamente jamais assumiriam a sua parcela de responsabilidade no caos social gerado por suas brilhantes ideias e ações. Por que o fariam, se é muito mais fácil e rentável condenar o capitalismo, o racismo sistêmico ou o presidente Donald Trump? O politicamente correto produz sempre uma divisão estanque e distorcida entre culpados e inocentes. No caso da escola da Filadélfia, a coisa ficou cristalina: os negros são inimputáveis. Mesmo quando cometem violência racial, não são eles os verdadeiros culpados.
Em artigo brilhante sobre o fenômeno, o economista negro Walter Willians recordou a sua infância na Filadélfia, num tempo em que crianças com a sua cor de pele estavam sujeitas a toda sorte de insultos e agressões racistas. “Lembro-me de, nos anos 1940, eu e meu primo sendo perseguidos e expulsos de Fishtown e Grays Ferry, dois bairros predominantemente irlandeses, e só parando de correr ao chegar nos bairros negros do Norte ou do Sul da cidade” – escreve Williams, para concluir, pesaroso: “Hoje tudo mudou. A maioria dos ataques raciais são cometidos por negros. E o pior de tudo é ver negros, muitos dos quais viveram os tempos dos linchamentos, das leis Jim Crow e do racismo escancarado, se calando diante do problema… O silêncio dos negros em face do racismo dos negros é uma das mais grave traições à luta pelos direitos civis, encampada tanto por americanos negros quanto por brancos”.
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