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“Cura gay”, unicórnios e esquerdistas pensantes

Foto: Hugo Harada/ Agencia Noticias Gazeta do Povo. (Foto: )

Eu achava que a grande imprensa brasileira não conseguiria se superar em falta de caráter e desonestidade, mas o assunto da “cura gay” provou que eu estava errado. As matérias e manchetes despejadas a rodo na maioria dos portais de notícias brasileiros, na última semana, conseguiram atrair a atenção até mesmo de artistas bocós do exterior, como Demi Lovato – a cantora não se satisfez em fazer ativismo barato no Hemisfério Norte e resolveu falar bobagens também em terras tupiniquins.

Mas, afinal, o que há de verdade nessa história de “cura gay”? A meu ver, apenas uma: a prova de que a esquerda não mede esforços e meios para enfiar sua agenda goela abaixo da população. A decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho não tem absolutamente nada a ver com curar ou não curar a homossexualidade, mesmo porque já é consenso que não existe tal doença. A decisão diz respeito ao segundo maior bem que temos em nossa vida (a vida é, sem dúvida, o maior deles) como parte de uma sociedade: a liberdade.

Quem já frequentou o consultório de um profissional da psicologia sabe que há muitas razões para começar um tratamento. Eu, por exemplo, busquei ajuda por conta de uma depressão pouco depois que terminei a faculdade, e acabei tratando de diversos aspectos de minha personalidade que me faziam sofrer em algumas situações específicas, tais como uma viagem longa a trabalho ou um fracasso na área profissional. Tenho um amigo que buscou tratamento porque era estourado demais e perdia a paciência por qualquer coisa – o que lhe custou dois empregos seguidos –, e um outro que tentou reverter uma tendência fortíssima que tinha de trair as namoradas, justamente por não querer correr nenhum risco no casamento que se aproximava (não revelo o nome dele nem sob tortura). Enfim, cada um procura ajuda para resolver o que entende ser passível de ser resolvido.

Dito isto, resta a pergunta: qual é o problema de alguém procurar um psicólogo porque sente atração homossexual, mas preferiria não sentir? Se tomarmos o caso contrário – o de alguém que vive como heterossexual, mas busca auxílio profissional para se aceitar como homossexual –, tenho certeza de que nenhum ativista, jornalista, artista ou esquerdista que se preze dirá que há problema. Afinal, se alguém quer “sair do armário”, tudo vale. Mas, se alguém resolver ficar no armário e quiser ajuda para viver bem dentro dele, não vale. Se alguém quiser jogar o armário fora e comprar outro, também não pode. E, antes que digam que tem de ser assim justamente porque a sociedade estigmatiza os gays, eu já adianto que vivemos em 2017 e que ninguém mais dá a mínima para isso. Todo mundo que não é gay tem amigos ou conhecidos gays, casais homossexuais andam de mãos dadas por tudo quanto é lugar, e tem gays assumidos fazendo de tudo no mundo.

Como sempre, a esquerda age com sua truculência típica, escravizando as pessoas aos seus parâmetros de “normalidade”. Toda vez é a mesma história. Se alguém faz um filme tirando sarro de negros ou gays, vem a polícia do politicamente correto para impedir a exibição, processar os responsáveis e execrar publicamente todos os envolvidos. Se alguém faz uma peça de teatro onde Jesus Cristo é representado como um transexual, tudo bem (que fique claro que sou contra a proibição de qualquer tipo de exibição feita com recursos privados, por mais moralmente condenável que pareça para mim). Se um adolescente procurar ajuda porque não gostaria de ter desejos homossexuais, farão um inferno na vida dos pais, tentarão passar a guarda do garoto ao Estado e transformarão o caso em exemplo internacional para a promoção de sua agenda. Já se ele procurar ajuda porque se sente aprisionado no corpo errado, tudo bem. Não só providenciarão psicólogos e psiquiatras como também uma equipe médica para trocar seu sexo.

Será que é tão difícil entender que ninguém deveria ter o direito de tolher as liberdades de outrem? Quem quer ser tratado, que seja. Quem não quer, não seja. Mas, em nossa sociedade profundamente doente, tornou-se obrigação aceitar qualquer tipo de orientação ou prática sexual, desde que não seja a monogâmica heterossexual. Se o sujeito deseja praticar o coito com uma cabrita ou ser espancado usando uma máscara de látex, aplausos para ele. Se ele procura um psicólogo porque ama a esposa e não quer dar vazão a desejos que possam minar seu casamento, vaias para ele e prisão para o psicólogo.

Existe uma expressão em inglês que traduz exatamente o que eu penso sobre esse comportamento tão típico da esquerda: you can’t have it both ways. A tradução mais próxima seria “não dá pra ter as duas coisas ao mesmo tempo”. Se temos liberdade para sermos o que bem quisermos – hétero, homo, bi, pan, uber e tantos outros tipos sexuais que já inventaram –, temos necessariamente de ter a liberdade de não sermos o que não quisermos. Qualquer coisa diferente disso não é liberdade verdadeira, mas apenas um privilégio inaceitável.

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