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Eu sei que estamos no dia da eleição e que hoje é um dos dias mais importantes para a história do Brasil. No entanto, resolvi falar algo sobre o que considero ser um dos dias mais importantes para o mundo. E, sendo bem sincero, falar sobre eleições no Brasil, ultimamente, tem sido um exercício de repetição contínua. Afinal, tudo o que vimos nas últimas semanas se resume à atuação inconstitucional e autoritária do novo imperador brasileiro, Alexandre de Moraes.
Mas voltemos ao que tem potencial de mudar o mundo inteiro. Na última quinta-feira, Elon Musk concluiu a compra do Twitter e iniciou sua gestão à frente da empresa. Bastaram algumas horas para que as demissões começassem a acontecer, e as três primeiras foram justamente as mais necessárias e importantes: Parag Agrawal, CEO da empresa; Ned Sagal, CFO; e Vijaya Gadde, executiva de políticas legais.
Sobre Agrawal e Sagal pesava a alegação de que ambos ocultaram dados sobre a quantidade correta de perfis falsos na plataforma, uma informação crucial para a determinação do valor da transação. Musk, no entanto, não deu justificativas para nenhuma das demissões até o momento. Mas e Vijaya Gadde? Quem é essa mulher e por que sua demissão representa tanto para o momento histórico que vivemos?
Ao demitir Vijaya Gadde, Elon Musk mostrou que veio para cumprir seu propósito declarado de fazer do Twitter um centro digital comum, onde uma ampla gama de crenças possa ser debatida de maneira saudável, sem recorrer à violência
De acordo com um relatório de janeiro de 2021 do The Washington Post, Vijaya Gadde liderou a equipe que decidiu pela suspensão permanente de Donald Trump. O Twitter suspendeu a conta do ex-presidente em 8 de janeiro de 2021, citando “o risco de mais incitação à violência” após o tumulto no Capitólio. Gadde foi uma das principais interlocutoras sobre a proibição de Trump. O CEO do Twitter à época, Jack Dorsey, estava de férias em uma ilha particular, segundo o The New York Times. Quando perguntado sobre o papel que Gadde desempenhou no banimento de Trump, um porta-voz do Twitter disse à CNN Business, em outubro de 2021, que as decisões sobre as suspensões são tomadas pela equipe de Confiança e Segurança, que se reportava diretamente à executiva.
Mas o banimento de Trump não foi a decisão mais impactante de Gadde. Em 2020, no calor da campanha presidencial, o Twitter bloqueou a distribuição de um artigo do New York Post sobre Hunter Biden, o filho do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A decisão, tomada por Gadde, foi o estopim de um movimento criminoso de censura que aconteceu em quase toda a imprensa norte-americana e em todas as redes sociais de grande alcance. O assunto foi enterrado para que Joe Biden pudesse ser eleito.
Para se ter uma ideia da importância do assunto – que certamente teria sido disseminado como o maior escândalo da história caso o investigado fosse filho de Trump –, uma pesquisa recente conduzida com cidadãos americanos que têm conhecimento da matéria (o laptop de Hunter Biden) mostrou que 79% deles acreditam que o resultado da eleição seria outro caso a cobertura do assunto tivesse sido verdadeira e não censurada. A pesquisa foi conduzida pelo Technometrica Institute of Policy and Politics, de New Jersey. Vale lembrar que o The New York Times admitiu, 17 meses após o banimento da reportagem do Post, que a história era verdadeira.
Para quem não tem familiaridade com o assunto, a reportagem do The New York Post exibe evidências, todas provenientes dos dados encontrados no laptop do filho do presidente, de que Hunter Biden arranjou uma reunião entre seu pai e um alto executivo de uma empresa ucraniana de energia. Hunter foi pago pela empresa. Na época do ocorrido, Joe Biden era vice-presidente dos Estados Unidos. Menos de um ano após a tal reunião, Biden-pai exerceu pressão, do alto de sua posição, sobre o governo ucraniano para que o promotor que investigava a empresa de energia fosse exonerado. O promotor em questão era Viktor Shokin, e a empresa de energia era a Burisma.
O laptop de Hunter Biden fora deixado para reparos em uma loja em Delaware, e o dono do estabelecimento, John Paul Mac Isaac, percebeu que estava com uma “pérola” nas mãos. Ele fez uma cópia de todos os arquivos do computador e entregou o material a Robert Costello, advogado do ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani. Giuliani, que fazia parte da campanha de Donald Trump à reeleição, fez com que o material chegasse ao Post.
Elon Musk disse recentemente que a razão pela qual adquiriu o Twitter é porque é importante para o futuro da civilização ter um centro digital comum, onde uma ampla gama de crenças possa ser debatida de maneira saudável, sem recorrer à violência. Ao demitir Vijaya Gadde, ele mostrou que veio para cumprir seu propósito declarado. E, encerrando com um tuíte do próprio Musk, publicado nos últimos minutos do dia 28 de outubro, “O pássaro foi liberto”.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos