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Eu te disse

Foto: Korea Summit Press Pool/AFP (Foto: )

No dia 27 de setembro de 2016, pouco mais de um mês antes da eleição presidencial americana, enviei meu artigo semanal à Gazeta do Povo. O texto começava com um nome para lá de sugestivo: “Presidente Trump”. Na época, quando a imprensa inteira noticiava que Hillary Clinton tinha mais de 95% de chances de vencer o pleito, eu e mais dois ou três jornalistas nos atrevemos a prever o futuro inverso, que acabou por se tornar realidade.

Trump foi eleito, e esquerdinhas do mundo todo caíram em prantos, derramando lágrimas de desespero e estupefação. O mundo, principalmente a grande imprensa, parecia ter entrado coletivamente em um estado de medo e histeria, e as previsões catastróficas pipocaram em praticamente todos os jornais impressos, eletrônicos e televisivos. As mídias sociais ficaram repletas de declarações apocalípticas. Trump eleito significou, para essa multidão de atormentados, o fim do mundo. A economia se esfacelaria, a ameaça de uma guerra nuclear voltaria a pairar sobre o mundo, o terrorismo ganharia força, as relações internacionais seriam abaladas, e por aí vai. O que alguém conseguisse pensar de ruim, outro alguém já tinha previsto como consequência da eleição de Donald Trump. Enquanto isso, os mesmos jornalistas que previram o resultado correto da eleição – aquela meia dúzia mencionada acima – declaravam que o novo presidente americano representava o oposto de toda a catástrofe anunciada. Diziam que seu mandato tinha o potencial de resolver problemas sérios que assolavam os Estados Unidos e o mundo de então.

O tempo foi passando, os resultados foram aparecendo, e as previsões cataclísmicas mostraram-se meras alucinações paranoicas de gente incapaz de olhar para fatos sem o pesado viés político do esquerdismo moderno. No front interno, a economia cresceu rapidamente, os mercados de ações e de futuros engataram a sexta marcha e subiram com consistência, os americanos receberam de presente o maior corte de impostos da história do país, a Suprema Corte e as cortes inferiores foram agraciadas com indicações de juízes competentes e contrários ao ativismo judicial, o desemprego nos Estados Unidos caiu para o menor nível em décadas, o uso de food stamps (o equivalente ao Bolsa Família brasileiro) diminuiu drasticamente, a entrada de imigrantes ilegais foi coibida como há muito tempo não se via, grandes empresas multinacionais anunciaram investimentos bilionários etc. No front internacional, o Estado Islâmico foi forçado a enfiar o rabo no meio das pernas e recuar de áreas tomadas durante a administração desastrosa de Barack Obama, o acordo de Paris levou um baque com a saída dos Estados Unidos, a ONU perdeu força e, por mais incrível que possa parecer, as Coreias tiveram um encontro histórico para buscar o fim de sua longa guerra.

Todos os portais de notícias estão exibindo, nesta sexta-feira, chamadas sobre o possível fim da guerra entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. G1 diz que “Coreias prometem acordo para acabar com guerra ainda este ano”, Estadão diz que “Kim e Moon se comprometem a oficializar o fim da Guerra da Coreia”, Folha diz que “Líderes de Coreia do Norte e do Sul prometem acordo de paz e fim de armas nucleares”, e esta Gazeta do Povo diz que “Líderes de Coreia do Norte e do Sul prometem o fim das armas nucleares.” Quando Donald Trump começou a lidar com o assunto, as previsões foram de uma possível guerra nuclear, desestabilização da Península Coreana, possível aniquilação da Coreia do Sul, blá, blá, blá; quando ele começou a tratar Kim Jong-un como um moleque doido, chamando-o de “homenzinho” e de “homem-foguete”, os sábios analistas políticos da grande imprensa disseram que a provocação só pioraria a situação; quando ameaçou usar o poderio nuclear e militar americano para retaliar qualquer ação norte-coreana que alvejasse os aliados americanos no Pacífico, disseram que o belicismo de Trump levaria a região ao caos e à guerra. Mais uma vez, erraram todos.

Como eu já disse inúmeras vezes, Trump continua tendo o potencial de passar para a história como o melhor presidente americano do último século, quiçá da história. Quando seu tempo na Casa Branca acabar e seu legado for incorporado à história, meu comentário se resumirá em três palavras curtas: eu te disse.

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