Ande pelas ruas de qualquer cidade, vá aos bairros de classe média e baixa, visite igrejas, entre em bares, caminhe pela feira de rua, pegue um ônibus, fique na fila do banco, faça compras em um supermercado, passeie por um shopping center, sente-se num banco de praça. Em cada um desses atos, converse com alguém ao seu redor. Desafio o leitor a fazer isso em qualquer cidade brasileira para tão somente perceber o quão conservador é o cidadão comum. Digo por experiência própria, pois fiz essa peregrinação poucos anos atrás, quando me candidatei a um cargo eletivo.
No geral, as pessoas querem um trabalho em que ganhem o suficiente para se sustentar, uma escola boa para os filhos, um mínimo de dignidade no tratamento de saúde, uma cidade bem cuidada e com opções de diversão, liberdade para praticar sua religião, alguma maneira decente de se transportar de um lugar para o outro, e a garantia de que não serão mortas ou feridas na próxima esquina por um criminoso qualquer. Satisfeitas essas condições, 95% das pessoas dirão que vivem em um país bom. Essa grande maioria – que nunca é entrevistada pelo Datafolha – não dá a mínima para a orientação sexual da pessoa ao lado, nem para a sua cor e muito menos para em que político ela votou na última eleição. Para elas, arte moderna é um termo que não codifica nada, “transgenerismo” é uma palavra tão distante de seus vocabulários quanto “prolegômenos”, luta de classes é quando seu filho briga com o moleque da 6.ª B, e esquerda e direita são apenas duas direções. Mais importante que tudo: esse pessoal não espera que nenhum justiceiro social – boçais da classe artística, da classe alta condoída de remorsos e das cátedras universitárias sem nenhuma conexão com o mundo real – os defenda perante os opressores deste mundo. Quando as dificuldades vêm, eles querem mesmo é que Deus os ajude, que os santos os protejam e que os anjos passem dizendo amém às suas orações.
Infelizmente, o que a grande maioria da população pensa não faz a menor diferença para os que conduzem os governos nas três esferas, nem para os grupos e artistas que produzem conteúdo de entretenimento, e muito menos para os pseudointelectuais que pautam as discussões públicas. Assim, pouco importa que a ideologia de gênero tenha sido rejeitada em quase todos os municípios brasileiros graças a ações locais da população; o Ministério da Educação a enfiará goela abaixo, sem a menor consideração pela vontade popular. Pouco importa se todas as pessoas que você conhece são contrárias às regalias que os políticos brasileiros recebem; eles as manterão e as aumentarão sistematicamente, sem nem sequer fingir preocupação com a opinião pública. Pouco importa se o povo reage com indignação ímpar a uma exposição de “arte” em que crianças tocam um depravado completamente nu; os artistas progressistas se unem para defender seus pares, debochando do que consideram um pensamento primitivo de seus fãs. Pouco importa se as pessoas mostram cada vez mais apoio à revogação do Estatuto do Desarmamento, pois estão cansadas de sofrer inermes diante da violência; a grande imprensa e a maioria dos legisladores continua defendendo bandidos e condenando a população ao papel de alvo passivo.
No Brasil, para piorar, a economia é tão dependente do Estado que o poder econômico das pessoas comuns é quase inexistente. Aqui nos Estados Unidos, a coisa é bem diferente. A recente polêmica dos jogadores de futebol americano que se ajoelharam durante a execução do hino nacional teve vida curta: a queda na audiência e na venda de ingressos e artigos das equipes (camisetas, bolas, bonés e outros itens esportivos) foi tão rápida e impactante que diversos times já emitiram notas de desculpas, dizendo que não mais se ajoelharão durante o hino. Outros exemplos: a CNN, depois de meses batendo de forma inconsistente, ilógica e completamente enviesada no presidente Donald Trump, está amargando quedas sucessivas de audiência; a rede de lanchonetes Chick-Fil-A, cujos proprietários são cristãos com posições firmes em favor de sua religião, foi alvo de boicotes planejados por grupos de ativistas LGBT, e o resultado foi um crescimento geral de vendas em suas lojas; a rede de cafeterias Starbucks declarou que contrataria 10 mil refugiados em suas lojas logo depois que Trump sancionou partes de sua nova política de imigração, sofrendo uma queda imediata de apoio à marca nas semanas seguintes à declaração (a rede nunca mais tocou no assunto depois disso); as premiações de Hollywood, principalmente o Oscar e o Emmy, têm tido cada vez menos audiência popular por causa das manifestações antiamericanas e anticonservadoras da maioria de seus artistas.
A esquerda militante resolveu usar a máxima escolar do “é a gente contra a rapa”. Esqueceram-se de um pequeno detalhe: a rapa é 20 vezes maior que “a gente”. Mas, como ainda detêm posições importantes na grande imprensa, nas escolas, nos governos, nas universidades, nos conselhos profissionais e em muitas áreas em que podem influenciar os rumos da sociedade, eles continuam apostando que sairão vencedores. Eu, particularmente, acredito que a situação chegou a um ponto de não retorno. Em não havendo uma fraude eleitoral ou um golpe branco orquestrado pelo STF, Jair Bolsonaro está com o caminho aberto para ser o próximo presidente do Brasil. Ele é o único que joga do lado da rapa, o único que tem algum diálogo com a população, o único que parece se importar com as preocupações da vida real das pessoas. Como dizia o Silvio Luiz em suas narrações épicas, Jair tem uma Belém-Brasília pela frente. Se ninguém lhe passar a perna, incluindo o árbitro, ele ficará de cara para o gol vazio. Só não pode chutar para fora.