A Câmara dos Deputados aprovou, na quarta-feira, o projeto de lei que regulamenta o ensino domiciliar, mais conhecido por seu nome em inglês, homeschooling. Caso seja aprovado pelo Senado, o projeto de lei será sancionado por Jair Bolsonaro e entrará para sua lista de promessas de campanha cumpridas.
O ensino domiciliar é extremamente comum nos Estados Unidos, especialmente entre famílias maiores. Em vez de mandar cinco crianças para a escola – escolas, melhor dizendo, pois filhos em idades diferentes acabam frequentando escolas diferentes em diversos momentos –, um dos pais fica em casa e faz o papel de mestre para todo mundo ao mesmo tempo.
A grande maioria dos brasileiros não entende muito bem como funciona o homeschooling. Acham que o pai ou a mãe terão de ficar horas e horas ensinando, como se a modalidade não passasse de uma versão caseira da escola. Nada mais longe da realidade. Os períodos de ensino no homeschooling são muito mais curtos que na escola tradicional, pois o processo se assemelha muito mais a uma aula particular, com aproveitamento bastante acima da média em relação a uma sala de aula com mais de uma dezena de alunos. Assim, o homeschooling condensa o tempo de aprendizado e livra a criança para realizar outras tarefas, investir em habilidades esportivas, desenvolver o lado artístico etc.
O ensino domiciliar quebra o monopólio do Estado na educação e oferece uma alternativa ao currículo tóxico que é enfiado goela abaixo de tantos brasileirinhos e brasileirinhas
Por ser o triunfo da família sobre o Estado, o ensino domiciliar é odiado pela esquerda. O controle sobre as pessoas está entre os objetivos mais perseguidos dos governos “progressistas”. Controlar o ensino, então, ocupa o topo da lista de prioridades. Explicando de uma forma bem sucinta: a esquerda luta pelo direito de matar bebezinhos antes que nasçam; os que escapam da morte devem ser ensinados a “pensar” dentro dos limites permitidos pelo Estado. O ensino domiciliar quebra o monopólio do Estado na educação e oferece uma alternativa ao currículo tóxico que é enfiado goela abaixo de tantos brasileirinhos e brasileirinhas.
O ódio que a esquerda tem pelo ensino domiciliar é tamanho que, em setembro de 2018, o STF julgou o caso e não quis legalizar o homeschooling. Não bastasse isso, o Código Penal diz que os pais que adotarem a prática devem ser processados por abandono intelectual. O projeto de lei aprovado agora acaba com esse abuso estatal e devolve aos pais a soberania sobre o ensino de seus filhos. Quem quer ensino escolar leva os filhos para a escola; quem quer ensino domiciliar compra os materiais e se dedica à tarefa de preparar os filhos intelectualmente.
Como tudo na vida, é possível medir o quão boa é alguma coisa pelas críticas da banda podre da sociedade a essa coisa. No caso do ensino domiciliar, nada menos que União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) se manifestaram contra o projeto de lei, alegando que “tal regulamentação pode aprofundar ainda mais as imensas desigualdades sociais e educacionais, estimular a desescolarização por parte de movimentos ultraconservadores e multiplicar os casos de violência e desproteção aos quais estão submetidos milhões de crianças e adolescentes”. Em outras palavras, essa turma mantida com dinheiro alheio quer que todo mundo seja obrigado a se educar nas péssimas escolas brasileiras. Querem aplicar o mantra socialista à área de ensino: em lugar da desigualdade de riquezas, a igualdade da pobreza; em lugar da desigualdade de ensino, a igualdade de doutrinação suja.
Estou curioso para ver a reação de alguns liberais à nova lei. Será que João Amoêdo, por exemplo, dará o braço a torcer e dirá que Bolsonaro finalmente fez algo certo? Duvido. Esse pessoal tem preferido jogar os princípios que defenderam por décadas no lixo a dizer que Bolsonaro fez algo de bom. Eu, que não tenho compromisso de elogiar nem apoiar ninguém, e que critiquei o presidente por muita coisa que fez ou deixou de fazer, aplaudo essa iniciativa. Quanto menos poder ao Estado, melhor para todos. A essência do homeschooling é tirar poder do Estado e colocá-lo nas mãos da família, aquela coisa que a esquerda tanto abomina.
Em tempo, não sou entusiasta do ensino domiciliar. Não pretendo fazer com meus filhos e estou bem satisfeito com o ensino que estão recebendo até o presente momento. Mas sou completamente a favor de que essa opção seja oferecida a quem quiser usá-la. Que ela seja uma carta na manga de cada pai e mãe na eventualidade de o currículo escolar público ser contaminado pelo ensino do wokismo, do coletivismo e de outros ismos malditos que a esquerda tanto gosta de promover. Não titubearei um segundo sequer antes de tirar meus filhos da escola e passá-los ao ensino domiciliar se assim for preciso. Tomara que, em breve, os pais brasileiros possam dizer o mesmo.