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Flavio Quintela

Flavio Quintela

Midterms

Finalmente, a maioria

Republicanos em Nova York acompanham pela televisão resultados parciais da apuração nas eleições de meio de mandato presidencial, no último dia 8. (Foto: EFE/EPA/Justin Lane)

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Quase duas semanas depois, as eleições americanas ainda não têm resultado final. Mas as configurações de maioria já estão definidas.

No caso do Senado, há apenas um assento em jogo, o da Geórgia, que terá sua eleição de segundo turno em 3 de dezembro. Se o republicano Herschel Walker vencer o atual ocupante da cadeira, Raphael Warnock, o Senado ficará exatamente como está hoje, com 50 cadeiras para cada partido, e o senador democrata Joe Manchin continuará fazendo a diferença, como já falei em outras oportunidades aqui nesta coluna. Não parece que haverá contestações, já que nas duas disputas mais acirradas e que apresentaram mais problemas tanto no dia das eleições como nos dias de apuração, Arizona e Nevada, os republicanos derrotados já concederam vitória aos seus oponentes.

No caso da Câmara dos Representantes, ainda há cinco cadeiras em disputa, nas quais a apuração continua em andamento. No momento, o resultado é de maioria republicana com 219 a 211 cadeiras. No distrito único do Alasca, o sistema de votação é bem diferente do restante do país. Os eleitores classificam todos os candidatos em ordem de preferência. As cédulas são inicialmente contadas para a primeira escolha de cada eleitor. Se um candidato tiver mais da metade dos votos de primeira escolha, ele vence. Caso contrário, o candidato com menos votos é eliminado e os eleitores que selecionaram esse candidato derrotado como primeira escolha têm seus votos adicionados ao total de sua próxima escolha. Esse processo continua até que um candidato tenha mais da metade dos votos. Até o momento em que este texto foi fechado, a democrata Mary Peltola tinha 48,7% dos votos de primeira escolha, a republicana Sarah Palin tinha 25,8% e o também republicano Nick Begich tinha 23,4%. Faltavam apenas 2,7% dos votos para serem apurados e é quase certo que a disputa entrará na fase de segunda escolha.

Se a lógica prevalecer, devemos ter apenas nove assentos de maioria para os republicanos na Câmara, com 222 a 213

O 2.º Distrito do Maine segue um sistema bem semelhante ao distrito único do Alaska. O democrata Jared Golden lidera com mais de 10 mil votos de vantagem sobre o republicano Bruce Poliquin, mas a independente Tiffany Bond amealhou 21,565 votos até o momento. O mais provável é que a maioria dos independentes que votaram em Bond como primeira escolha tenham optado por Golden como segunda escolha. Mas, como a quantidade de votos de Bond é duas vezes a diferença atual entre o primeiro e o segundo colocado, a disputa continua totalmente aberta.

Na Califórnia, os três assentos ainda em disputa têm em comum a liderança republicana. No 3.º Distrito, o republicano Kevin Kiley lidera a disputa com mais de quatro pontos porcentuais sobre o democrata Kermit Jones. É uma margem decente, mas ainda faltam quase 30% dos votos para serem apurados, e a cadeira está longe de ser considerada como garantida para Kiley. No 13.º Distrito, o republicano John Duarte lidera sobre o democrata Adam Gray com uma margem muito mais apertada: apenas 0,6 ponto porcentual, que equivale a 865 votos, e ainda 5% das urnas por apurar. Finalmente, no 22.º Distrito, David Valadao tem uma vantagem confortável, de mais de cinco pontos, sobre o democrata Rudy Salas, faltando apurar 14% dos votos.

Vale mencionar um distrito em que o perdedor já concedeu a vitória ao oponente, mas onde a diferença entre os dois foi tão pequena que deve haver recontagem automática por causa das regras eleitorais vigentes. No 3.º Distrito do Colorado, a republicana Lauren Boebert teve 163.832 votos, apenas 554 a mais que o democrata Adam Frisch. Historicamente, é muito raro que uma recontagem inverta o resultado de uma eleição nos Estados Unidos, mas há sempre essa possibilidade. Espera-se, no entanto, que Boebert confirme a vitória.

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Depois do fiasco que foram as previsões para estas eleições de meio de mandato, não arrisco dizer mais nada sobre os números finais da Câmara. Mas, se a lógica prevalecer, devemos ter uma maioria de apenas nove assentos para os republicanos, num 222 a 213.

Um outro destaque da semana foram as declarações da candidata republicana ao governo do Arizona, Kari Lake, de que vai contestar os resultados da eleição nos tribunais por causa dos graves problemas ocorridos no condado de Maricopa, no dia da eleição. Os problemas – máquinas quebradas, seções eleitorais com filas quilométricas por falta de pessoal, e outras ocorrências semelhantes – foram ainda mais graves se considerarmos que a adversária de Lake, a democrata Katie Hobbs, ocupa o cargo de secretária de Estado do Arizona, e nessa posição é a pessoa responsável pela criação de todos os procedimentos eleitorais e pela certificação das urnas. Lake disse, na última quinta-feira: “estejam certos de que eu montei a melhor e mais brilhante equipe de advogados que há, e estamos explorando todas as possibilidades de correção das muitas coisas erradas que foram feitas na semana passada”.

Por fim, o ex-presidente Donald Trump anunciou sua candidatura à presidência em 2024. Trump vinha atacando o governador da Flórida, Ron DeSantis, por sua suposta falta de lealdade, alegando que DeSantis deveria dizer claramente aos repórteres que não pensa em concorrer em 2024, em vez de responder com um genérico “agora não é hora de pensar nisso”. Mas esse assunto merece uma coluna inteira, não apenas um parágrafo final. Podem aguardar.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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