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Flavio Quintela

Flavio Quintela

Na dúvida, duvide

Mercado de Natal fechado em Salzburgo, na Áustria, país que impôs lockdown nacional em dezembro de 2021 após novo surto de Covid-19. (Foto: Christian Bruna/EFE/EPA)

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A notícia do dia de ontem foi a divulgação de um estudo da respeitadíssima Johns Hopkins University mostrando que os lockdowns diminuíram as mortes por Covid-19 em não mais que 0,2%. Em outras palavras, mais uma alegação que era tida pela grande imprensa como mera teoria da conspiração se prova verdadeira. Escrevi sobre isso pouco tempo atrás, elencando diversos outros “conspiracionismos” e “terraplanismos” que são hoje aceitos como verdades.

Basicamente, o estudo da Johns Hopkins é um tapa na cara de cada um de nós. Todos os empregos perdidos, empresas fechadas, famílias falidas e crianças com aprendizado atrasado, além dos efeitos colaterais monumentais da dinheirama toda jogada de helicóptero pelos governos do mundo afora, tudo isso foi a troco de nada. Os mesmos 0,2% de redução poderiam certamente ter sido alcançados com outros tipos de medidas muito menos restritivas e, principalmente, sem a histeria que nos foi imposta goela abaixo.

Todos os empregos perdidos, empresas fechadas, famílias falidas e crianças com aprendizado atrasado, além dos efeitos colaterais monumentais da dinheirama toda jogada de helicóptero pelos governos do mundo afora, tudo isso foi a troco de nada

Muita gente já tinha percebido o que estava acontecendo bem antes de qualquer estudo a respeito. Em março de 2021, o governador da Flórida, Ron DeSantis, já havia dito que se arrependia de não ter sido contrário ao lockdown imposto pelo governo Trump no início da pandemia. Apesar de a Flórida ter tido um dos lockdowns mais curtos dos Estados Unidos, os efeitos econômicos negativos se fizeram presentes. Por sorte, foi algo bem passageiro. E justamente por isso o estado tem sido a escolha de mudança de mais de mil pessoas por dia. Sim, esse é o número médio de pessoas que se mudam de outros estados para a Flórida todos os dias.

Algo que me incomoda muito nisso tudo é a disposição das pessoas a tachar qualquer discurso que não seja corroborado pela grande imprensa de “teoria conspiratória”. Existe uma diferença muito grande entre acreditar que os governos se reuniram secretamente para planejar o lançamento de uma pandemia mundial com o objetivo de dominar as pessoas, e acreditar que governos são essencialmente compostos por pessoas sedentas de poder e, muitas vezes, desprovidas de ética; pessoas que não deixam passar uma oportunidade de testar e aumentar seu poder diante de circunstâncias adversas e mesmo da tragédia alheia. Acreditar nisso não faz de você um teórico da conspiração; faz de você alguém realista. Não acreditar que os governos estão dispostos a tirar sua liberdade para ganharem mais controle é de uma ingenuidade infantil.

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Tenho certeza de que muitas certezas dos iluminados da esquerda ainda serão desmentidas e abandonadas no cemitério das ideias ruins. Aposto que colocar máscaras em criancinhas que estão aprendendo a ler e escrever estará no meio delas. Aliás, o uso de máscaras em geral deve em breve ser refutado como modo de prevenção do contágio de Covid. Não existem dados que comprovem a eficácia desses trapos que as pessoas têm usado na esperança de não adoecerem.

A lição que todos deveríamos tirar dos últimos dois anos vividos neste planetinha é a do ceticismo para com imprensa e governo. Essa lição não tem nada de inédita, mas infelizmente a humanidade tem um histórico muito ruim de cometer erros sobre os quais já deveria ter aprendido há tempos. Obviamente que parte das medidas que foram tomadas por governantes em todo o mundo pode ser explicada simplesmente pelo fato de que ninguém sabia nada sobre o tal coronavírus. Estávamos todos aprendendo, inclusive os governadores, presidentes e primeiros-ministros. Mas que dava para ter feito algo melhor, sem insistir nos erros por tantas vezes seguidas, isso dava. A pandemia foi politizada, e esse é sempre o primeiro passo para que algo dê errado.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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