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Flavio Quintela

Flavio Quintela

Jornalismo ideologizado

O inimigo do povo

(Foto: Michael Bussmann/Pixabay)

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É fato que a credibilidade da imprensa tradicional está em acentuado declínio. Mundialmente falando, jornais que representavam o que havia de melhor no jornalismo moderno, que tinha no The New York Times sua representação máxima, passaram a praticar um tipo de jornalismo completamente diferente daquele que gerou as grandes reportagens da segunda metade do século 20. Em vez de comunicar fatos, a quase totalidade da grande imprensa da atualidade comunica narrativas, com o objetivo de “guiar” os leitores ignorantes e incapazes de analisar a realidade com seus recursos próprios. A mentalidade da mídia de esquerda é, obviamente, uma extensão da mentalidade de esquerda em geral. Se o Estado é o grande pai do povo, a imprensa a serviço do Estado é a grande professora.

Felizmente, existe a internet. E, com ela, uma miríade de canais independentes que fazem um contrapeso à grande bolha de desinformação que se tornou a imprensa tradicional. Digo “bolha” porque é uma metáfora exata do modo de funcionamento da grande imprensa. Explicarei.

Jornalistas criaram um mundo paralelo onde Lula não passa de um bom político que foi duramente injustiçado, e Bolsonaro é o pior presidente da história do Brasil, quiçá do mundo

Um tempo atrás, um jornalista de uma das grandes redes de notícias do Brasil me disse que 11 em cada 10 jornalistas ouvem todos os episódios de um certo podcast brasileiro. De acordo com ele, esse podcast tem grande influência no que se vai noticiar sobre o governo Bolsonaro e também no tipo de abordagem que será feita. Desde então, tenho acompanhado o tal programa em todas as suas edições. Basicamente, o roteiro é baseado quase que exclusivamente em matérias jornalísticas publicadas no UOL, Globo News, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Correio Braziliense e alguns outros portais. Se o que o meu “informante” disse é verdade, esses jornalistas, por sua vez, usam o podcast para pautar suas próximas matérias, num processo de realimentação sem fim. Nada poderia se assemelhar mais a uma bolha que isso.

Agindo sem lastro na realidade, com base somente no que outros colegas estão escrevendo sobre o assunto, esse pessoal acaba criando um mundo paralelo onde Lula não passa de um bom político que foi duramente injustiçado, e Bolsonaro é o pior presidente da história do Brasil, quiçá do mundo. Tudo muito bem lubrificado com as tradicionais mentiras das ideologias de esquerda, incluindo o incentivo e a celebração do aborto. No geral, o que se ouve ali é a exaltação de qualquer pessoa que ataque o governo atual e a defesa incondicional do PT e da extrema-esquerda – sim, para eles o PT é um partido de centro-esquerda. Alexandre de Moraes é o herói desse pessoal, como não poderia deixar de ser, e o Supremo Tribunal Federal é a última instituição brasileira que presta.

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As coisas que saem dessa bolha são ecoadas pelos portais de notícias como se fossem jornalismo de verdade. As comparações são as mais subjetivas possíveis, a fim de confundir as pessoas. Foi assim com a morte de Genivaldo de Jesus Santos, em Sergipe. O corpo local da Polícia Rodoviária Federal fez tudo errado, colocando Genivaldo no porta-malas de uma viatura e deixando-o se afogar em gás lacrimogêneo. Para qualquer pessoa minimamente civilizada, o vídeo do ocorrido é perturbador e os policiais devem ser investigados e punidos de acordo. Daí a dizer que “o Brasil tem sua própria Auschwitz” há anos-luz de distância. Mas a bolha precisa colar o que puder de ruim em Bolsonaro. Por ser a PRF um “território do presidente”, correram para incluir uma referência direta ao nazismo, quando na verdade a polícia brasileira é que mata demais, de maneiras diversas e sem muita cerimônia. Mata tanto que, como já mencionei em outra oportunidade, a polícia do Rio de Janeiro mata mais que todas as polícias dos Estados Unidos combinadas. Foi assim também com a pandemia, com o “Bolsonaro genocida”, banalizando o termo e reportando “estudos” em que cálculos mirabolantes mostram quantos milhares de pessoas morreram porque o presidente disse isso ou aquilo, como se fosse possível medir algo assim.

A boa notícia para todos os que prezam pela verdade é que a grande mídia não para de perder credibilidade. É um processo irreversível e cada vez mais acentuado. Para isso, quanto mais ficarem na bolha, melhor; quanto mais afastados da realidade do povo, melhor; quanto mais intoxicados por sua ideologia, melhor. O inimigo do povo precisa ser detido.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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