Pus os pés na Europa pela primeira vez na vida em 1996. Eu estava a um ano de me formar em Engenharia e fui para a Alemanha fazer um estágio em uma universidade local. No tempo em que lá fiquei pude conhecer algumas cidades em torno de onde trabalhei, Saarbrücken, e também um pouco da França, incluindo Paris. Demorou quase 20 anos para que eu voltasse ao Velho Mundo e pudesse ver com meus próprios olhos o destino reservado à Europa Ocidental: o de se tornar um califado ao norte do Mediterrâneo.
A demografia está mudando radicalmente em países como Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e Suécia. As gerações X e Y europeias caíram na lábia da esquerda e resolveram não ter mais filhos, pelos motivos mais estúpidos e banais: medo de superpovoar o mundo, falta de tempo para cuidar de crianças, priorização das carreiras em detrimento da família etc. Enquanto isso, um alfabeto inteiro de gerações muçulmanas continuaram a seguir a recomendação divina de se multiplicarem. De acordo com o Banco Mundial, a taxa de fertilidade da população europeia caiu vertiginosamente, de uma média de 2,5 filhos por casal em 1960 para 1,4 filho por casal em 2015. Sem uma taxa mínima de 2,1 filhos por casal, nenhum país, civilização ou cultura é capaz de sobreviver. É matemática simples, da primeira série: morre mais gente do que nasce. Enquanto isso, o mundo muçulmano manteve sua fertilidade acima dos 3 filhos por casal. O detalhe é que no relatório do Banco Mundial não há nenhuma separação de dados dentro de cada país. Ou seja, não há nenhum tipo de cálculo mostrando o peso que a população muçulmana tem na fertilidade dos países europeus. Mas há outros estudos que o fazem, como o do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos, o equivalente ao IBGE da França, que mostra a fertilidade por grupos de imigrantes. Enquanto a média francesa não passa de 1,9 filho por casal, os imigrantes de países muçulmanos têm uma média de mais de 3 filhos por casal. Isso significa, matematicamente falando, que a França fica cada vez mais muçulmana a cada dia que passa. Não procurei estudos similares para Alemanha, Suécia e Inglaterra, mas é quase certo que os números sejam semelhantes ou piores, pois a França é hoje um dos países com maior taxa de fertilidade da Europa.
As populações cada vez mais muçulmanas apontam para um desfecho à la Houellebecq. O autor do romance Submissão tem tudo para se tornar um profeta moderno, e não só em relação à França. O Pew Research Center publicou, em julho do ano passado, dados sobre a porcentagem de muçulmanos nos países da Europa. Na Alemanha são 4,7 milhões de muçulmanos, quase 6% da população total. A França tem a mesma quantidade, mas lá os 4,7 milhões equivalem a 7,5% da população total. Alguns outros países: Reino Unido, 4,8%; Suécia, 4,6%; Holanda, 6%; Áustria, 5,4%; Bélgica, 5,9%. Olhando para esses dados, não vejo muita dificuldade em imaginar um governo muçulmano em alguns desses países já na próxima década. A eleição de Sadiq Khan para a prefeitura de Londres corrobora essa tendência.
Ao contrário de outros imigrantes, o que une os muçulmanos é sua religião. E é uma religião incompatível com os valores ocidentais. O islamismo não aceita a separação entre igreja e Estado, não aceita a igualdade entre homens e mulheres, não aceita homossexuais e não aceita a liberdade de expressão, só para citar algumas intolerâncias. Tratar a questão da imigração muçulmana como uma mera questão de imigração não faz sentido, pois o imigrante comum muda de país para encontrar um novo lar, e lá se submete às regras e leis locais; o imigrante muçulmano vai como agente ativo de transformação, muitas vezes ignorando os costumes e leis locais, tendo como objetivo a islamização da nova morada. E, antes que se saque o argumento de que apenas os muçulmanos radicais agem dessa forma, vale a pena mencionar algumas pesquisas feitas na Europa. O The Telegraph publicou uma pesquisa em 2006, logo após o ataque que matou 52 pessoas em Londres, em que 40% dos muçulmanos entrevistados disseram que queriam a sharia implementada no Reino Unido. O site HLN, da Bélgica, divulgou que 16% dos jovens belgas muçulmanos acham que terrorismo é algo aceitável. A rádio BBC fez uma pesquisa com mil muçulmanos britânicos, em 2015, e descobriu que 45% concordam que a pregação de um clérigo contra o Ocidente faz parte do islamismo. Quando os dados vêm de países muçulmanos, a coisa é bem pior. De acordo com o Pew Research, 60% dos jordanianos e 49% dos egípcios têm uma visão positiva do Hamas, organização terrorista radical que prega o fim de Israel, e 47% dos muçulmanos de Bangladesh concordam que ataques suicidas com bombas e outros atos de violência são justificáveis para defender o Islã.
Eu poderia continuar citando números, mas em vez disso citarei o trabalho de Ben Shapiro, que compilou dados de diversas pesquisas e chegou à conclusão de que mais da metade dos muçulmanos do mundo apoiam o radicalismo islâmico:
Em um mundo onde se estima que 1,6 bilhão de pessoas sejam muçulmanas, significa que estamos lidando com mais de 800 milhões de radicais, incluindo os que se explodem, os que esfaqueiam, os que atropelam, os que apoiam em segredo, os que ajudam operacionalmente, os que pregam a favor do radicalismo e tantos outros que desempenham algum papel na máquina de terror islâmica.
As imagens tão comuns de radicais islâmicos destruindo relíquias históricas somente por serem ligadas a outras religiões são um presságio do que acontecerá com a riqueza arquitetônica e cultural da Europa num futuro que se torna cada dia mais possível. Se você, leitor, me permite um conselho, é este: visite antes que acabe.
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Leia o arquivo das colunas de Flavio Quintela publicadas até maio de 2017
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